CPI dos Sanguessugas reúne-se na terça para decidir se convoca ex-ministros da Saúde
A CPI Mista foi instalada no dia 22 de junho com o objetivo de investigar denúncias de irregularidades no uso de recursos do Orçamento da União da área da saúde para a compra de ambulâncias para municípios com preços superfaturados. Até agora, 90 congressistas (87 deputados e 3 senadores) foram notificados a prestar esclarecimentos sobre denúncias de que teriam recebido propina para apresentar emendas para a compra dessas ambulâncias da Planam, empresa apontada como organizadora do esquema de fraudes.
Em entrevista nesta quinta, o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou, após ouvir depoimento de um dos donos da Planam, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, que já há provas suficientes para comprovar a participação no esquema de um grande número de parlamentares. Ainda segundo Biscaia, ficou confirmado no depoimento de Vedoin, realizado em caráter reservado as membros da CPI, que a quadrilha não atuava apenas no Ministério da Saúde, mas também em outras pastas do Poder Executivo, e que os recursos não vinham apenas do Orçamento da União, mas também de verbas extra-orçamentárias.
Segunda-fase Em entrevista ontem, na Polícia Federal, o vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), chegou a declarar que o depoimento de Vedoin era um "memorial do escândalo da corrupção do Orçamento". Ele defendeu a conclusão da primeira fase das investigações - sobre a participação dos parlamentares - e início imediato de uma segunda etapa de trabalhos, que investigaria a participação do Poder Executivo no esquema. A CPI chegou a criar, nesta semana, uma sub-relatoria para se debruçar sobre o envolvimento do Executivo, mas sem data para iniciar os trabalhos.
Entre os membros da CPI, há consenso sobre a necessidade de se iniciar uma segunda fase de investigações, mas não sobre a data de início dos trabalhos. O senador Sibá Machado (PT-AC), por exemplo, afirmou nesta quinta que não é possível dar prosseguimento às apurações antes de outubro, data das eleições, porque os parlamentares estão em campanha nos seus estados e "não haveria tempo hábil para investigar tantas coisas".
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