Arcanjo recebe companhia de outros presos este mês

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) deixa de fazer a "segurança" de João Arcanjo Ribeiro, 54, este mês. A previsão do secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Célio Wilson de Oliveira, é a de que até meados de agosto o Raio 5 da unidade prisional, que hoje é ocupado exclusivamente pelo "Comendador", entre em pleno funcionamento. No total são 52 vagas ociosas no prédio que foi construído há dois anos. "Hoje enfrentamos um déficit de quase mil vagas somente na área metropolitana. Não podemos mais nos dar ao luxo de não ocupar prédio", afirma o secretário.

Com a saída do Bope, o trabalho de vigilância de Arcanjo será desempenhado por agentes prisionais - que por lei não podem utilizar armas dentro das unidades. Pelo menos 60 homens, aprovados em concurso público, estão sendo treinados desde junho para que possam atuar e efetivar o uso do Raio 5. Questionado sobre a possibilidade de fuga de Arcanjo, o secretário afirmou que o policiamento externo da penitenciária do Pascoal Ramos vai ser ampliado. "Pelos homens que servem no Batalhão de Guardas", afirma Oliveira.

Um dos possíveis "moradores" do Raio 5 é o pistoleiro e ex-cabo da Polícia Militar, Hércules Araújo Agostinho. Hoje ele ocupa uma cela improvisada dentro da guarda da PM, isolado dos demais presos. Hércules já fugiu uma vez do Pascoal Ramos e, após ser recapturado, em Machadinho do Oeste, Rondônia, em janeiro de 2004, é mantido sob forte vigilância. Desde que o prédio do Raio 5 foi doado ao Estado, a intenção era de que ali só permanecessem presos de altíssima periculosidade, a exemplo das pessoas ligadas a organizações criminosas.

Desde maio a Sejusp tenta transferir o "Comendador" de Mato Grosso. Em 12 de julho, o juiz substituto da 1ª Vara Federal, Marcos Tavares, determinou a transferência dele para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília, mas a defesa de Arcanjo conseguiu uma liminar que impediu a saída dele do Estado. Outra alternativa é a penitenciária de segurança máxima de Catanduvas (PR), que entrou em funcionamento em 23 de junho. O pedido já foi feito ao Departamento Nacional Penitenciário (Depen), que disponibilizou uma vaga. Agora resta que a Justiça Federal defina se ele poderá ser transferido ou não. A penitenciária de Catanduvas, a "Supermax", conta com 208 celas individuais e hoje é ocupada somente pelo traficante Fernandinho Beira Mar.