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Internacional
Quinta - 27 de Julho de 2006 às 16:20

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A China disse hoje que a frustração que há no Conselho de Segurança frente ao desacordo para conseguir uma declaração de condenação ao bombardeio israelense contra a ONU terá repercussões negativas na discussão de outros assuntos, como o Irã. O embaixador chinês na ONU, Wang Guangya, disse que apenas uma delegação, em alusão à dos Estados Unidos, bloqueou a adoção de uma declaração presidencial para condenar o ataque aéreo israelense contra um posto de vigilância da Força Interina das Nações Unidas para o Líbano (Finul), no qual morreram quatro observadores militares.

"Os assuntos não podem ser discutidos com critérios seletivos. É infeliz o que está acontecendo. A maioria das pessoas está pedindo um cessar-fogo, e o Conselho não pode fazer nada", assinalou.

"Esta situação está produzindo uma sensação de frustração. Todos devemos cooperar uns com os outros. Esta frustração terá um impacto negativo em outros assuntos a debater", acrescentou.

O embaixador chinês se referia ao projeto de resolução que está sendo debatido, em meio a grandes divergências, pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - EUA, Reino Unido, França, Rússia e China - e a Alemanha para exigir que o Irã suspenda suas atividades de enriquecimento de urânio.

O mal-estar frente à falta de pronunciamento do Conselho de Segurança também é palpável em outros membros deste órgão, que não puderam, até o momento, fazer prosperar uma iniciativa para a adoção de uma resolução que permita buscar uma saída para o conflito no Líbano.

Embora inicialmente os membros deste órgão tenham considerado que não haveria dificuldades para a adoção consensuada de uma declaração presidencial contra o ataque aos capacetes azuis da ONU, o processo não tem sido tão fácil.

Segundo a ONU, o bombardeio aéreo, no qual morreram quatro observadores militares procedentes de China, Canadá, Finlândia e Áustria, foi proposital devido ao tipo de armamento usado e aos avisos prévios de cessar-fogo por parte da Finul.

Os EUA, no entanto, opuseram-se desde o início a condenar Israel pela ação militar e qualificá-la como "deliberada", como expunha a primeira minuta do documento elaborado pela China.

Após gestões bilaterais entre ambos os países, a China aceitou eliminar o parágrafo de condenação, assim como omitir o chamado ao cessar imediato das hostilidades entre Israel e a milícia libanesa do Hisbolá, que começaram no último dia 12.

Na última versão da declaração, expressa-se apenas a comoção do Conselho pelo ataque e se exige que Israel abra uma investigação sobre o incidente e torne os resultados públicos o mais rápido possível.

Apesar do consenso alcançado por EUA e China, a última palavra agora é do Catar, o único país árabe que faz parte do Conselho, que estava à espera de instruções procedentes de sua capital, depois que o documento foi suavizado e perdeu sua essência.

O embaixador chinês ressaltou que se a declaração não for adotada "será difícil que as pessoas entendam que o Conselho de Segurança não pode enviar uma mensagem firme de condenação por este incidente".

"Esta é nossa organização, o povo que trabalha no terreno o faz para nós", assinalou Guangya, que lembrou a reação do Conselho após o atentado contra a missão da ONU em Bagdá em 19 de agosto de 2003.

O Conselho de Segurança se reunirá ainda hoje para continuar o debate sobre a última minuta da declaração presidencial.





Fonte: EFE

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