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Nacional
Quarta - 26 de Julho de 2006 às 16:28

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O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, disse hoje em entrevista exclusiva ao Jornal do Terra que São Paulo não precisa de tropas nas ruas, e sim, de inteligência para combater o crime organizado. A declaração foi uma resposta ao oferecimento do Exército e da Força Nacional de Segurança feito pelo governo federal.

Para Lembo, a oferta de tropas foi usada como instrumento político, como se fosse a solução para o caos causado pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). "Isso é ridículo", afirmou. O governador lembra que a Força Nacional mandaria, no máximo, "1200 homens despreparados para São Paulo". "Pra que mentir? Um tanque de guerra na rua daria uma falsa sensação de segurança", disse na entrevista.

Cláudio Lembo ainda falou sobre a falta de disciplina que rege o cotidiano dos presídios brasileiros o que, para ele, é a raíz de parte do mal que atinge o Estado. "Temos ONGs, inclusive, que atuam a favor do crime, além dos advogados, que são os pombos-correios dos chefes presos", denunciou. "Mas cumprimos a lei de execução penal e estamos limitados por ela".

Armas para agentes Lembo defendeu o porte de armas para agentes penitenciários e lembrou que o governo federal foi resistente na aprovação da medida. Segundo ele, o governo estadual está preparando uma linha de crédito para que os agentes possam adquirir essas armas.

O governador ressaltou ainda que a difculdade de oferecer porte de arma aos agentes vem do fato de eles não serem policiais. "Eles deveriam ser pára-policiais", defendeu Lembo. "Acho que eles devem ser armados, pe inclusive, um fator mais psicologico do que por garantia de vida".

Para Lembo, os agentes penitenciários são heróis por conviverem diariamente com a criminalidade. Ao ser questionado sobre as denúncias do sindicato sobre a ligação dos agentes com o crime, o governador afirmou que o assunto está sendo discutido com o secretário de Administração Penitenciária. "Estamos analisando a questão com muito cuidado", ressaltou.

PCC Cláudio Lembo voltou a dizer que não será necessária a transferência de líderes do PCC para a penitenciária federal de segurança máxima de Catanduvas (PR). Segundo ele, hoje, os líderes estão concentrados nas penitenciárias de segurança máxima de Presidente Venceslau e Presidente Bernardes. "Acho melhor que eles fiquem confinados em um só lugar", afirmou.

Ele disse acreditar que a disseminação de algumas lideranças da facção para outros presídios tenha contribuído para o aumento das ações criminosas do grupo.

Araraquara Ao ser questionado sobre a situação no presídio de Araraquara, no interior de São Paulo, Lembo disse que a conclusão das obras no local demoram pois precisam passar pela burocracia. No presídio, cerca de 1,6 mil presos foram confinados em apenas um pavilhão após destruírem as demais celas em uma rebelião, em junho.

"(O presídio) era todo automatizado, tinha monitoramento por vídeo. Era uma obra-prima da tecnologia. Mas eles destruíram tudo, não ficou pedra sobre pedra, só as muralhas", justificou o governador. Segundo ele, a limpeza dos entulhos já foi feita e agora começa a reforma efetiva de das alas, com a recolocação das portas e grades, que foram arrancadas.

Privatização de presídios O governador de São Paulo se mostrou contra as propostas de privatização dos presídios. "Acho impossível, é uma obrigação do Estado", disse. Ele sugeriu que o melhor a fazer no caso do sistema penitenciário são o que chamou de "ressort de presídios".

Segundo ele, os presídios seriam construídos pela iniciativa privada e as celas seriam alugadas para o governo. "É uma idéia, está sendo estudada", afirmou. Para o governador, isso ajudaria a aumentar a capacidade do sistema prisional e a reduzir a superlotação nas cadeias.

Celulares Cláudio Lembo disse que o governo está conseguindo controlar a entrada de celulares em presídios e apreender aqueles que estão em posse dos detentos. "A Polícia Militar tem feito vistorias contínuas em todos os presídios da capital", disse. Lembo queixou-se de que não é possível controlar tudo o que os presos possuem dentro das cadeias.

De acordo com o governador, como existe eletricidade dentro do presídio, não há como impedir que alguns dos presos recarreguem os celulares nas próprias celas. "Você acha que eles são ingênuos que não sabem fazer uma ligação clandestina no presídio", disse.

Ainda segundo Lembo, já houve casos em que a própria empresa que construiu o presídio tinha operários ligados ao crime que "plantaram" celulares dentro das paredes para que os detentos pudessem pegar depois.





Fonte: Terra

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