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Politica Brasil
Segunda - 24 de Julho de 2006 às 15:57

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Na primeira reunião de alto nível político sobre o futuro estatuto de Kosovo, realizada hoje em Viena, sérvios e albano-kosovares se mostraram irreconciliáveis em suas posições, mas concordaram em dar prosseguimento às negociações. Segundo o mediador da ONU, o ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari, o encontro não deu sequer mostras de uma possível reconciliação entre ambas as partes, que se enfrentam há décadas.

Mas as delegações da Sérvia, liderada pelo presidente Boris Tadic e pelo primeiro-ministro Vojislav Kostunica, e do Kosovo, liderada pelo presidente Fatmir Sejdiu e pelo primeiro-ministro Agim Ceku, fizeram um acordo de seguir adiante, nas próximas semanas, com as negociações de descentralização, assuntos econômicos e a proteção de santuários ortodoxos.

Caso cheguem a resultados concretos nestas conversas, não relacionadas diretamente com o estatuto da província, Ahtisaari disse que espera poder impulsionar as negociações sobre o futuro de Kosovo e apresentar à ONU, em meados de setembro, um relatório sobre os ganhos alcançados.

O mediador reiterou à imprensa seu objetivo de chegar a uma solução até o fim deste ano, meta apoiada também pelo chamado Grupo de Contato para Kosovo (EUA, Rússia, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Itália).

O comunicado, divulgado esta tarde pelo grupo, pede que as duas partes, mais especialmente a Sérvia, sejam "mais flexíveis" para avançar no processo de negociações.

O presidente Tadic disse que a Sérvia "não aceitará nenhuma solução imposta", o que considera "perigoso" para toda a região do sudeste da Europa.

No entanto, negou que seu país vá usar de violência no caso de a comunidade internacional impôr a independência de Kosovo, habitado por cerca de dois milhões de pessoas, na grande maioria albaneses independentistas.

"Belgrado é flexível e favorável a um compromisso, enquanto os albano-kosovares defendem a independência como única opção aceitável", disse o presidente sérvio.

Já Kostunica, defendeu uma "autonomia substancial" de Kosovo e advertiu que uma eventual concessão da independência da região violaria a Carta das Nações Unidas, que defende a integridade territorial de cada um dos países-membros.

"Não queremos governar os albano-kosovares, só queremos defender nossos direitos democráticos", declarou ele.

O presidente albano-kosovar, Fatmir Sejdiu, lembrou o violento passado entre sérvios e albaneses, que marcou a história de seu povo.

"A proposta sérvia tem como objetivo nos governar. Mas somos nós quem deveríamos nos governar. Isso é um direito nacional, constitucional e internacional", disse.

"Não queremos uma solução que vá contra o desejo da população", acrescentou em referência ao fato de que a grande maioria dos habitantes de Kosovo deseja a independência.

O empresário Veton Surroi, membro da delegação albano-kosovar, descartou que se possa chegar a um acordo negociado nesta disputa.

"Em um mundo ideal, gostaríamos de convencer os sérvios de nossa idéia de construir um estado independente funcional; mas não podemos forçá-los", disse o homem mais rico de Kosovo e líder do partido liberal opositor ORA.

O líder da oposição kosovar, o ex-chefe guerrilheiro Hashem Thaci, disse que "a presença de sérvios em Kosovo sempre esteve relacionada à violência".

"Os sacrifícios dos albano-kosovares e o genocídio perpetrado pelos sérvios são os melhores argumentos a favor da independência", acrescentou ele.

Desde o final da guerra de Kosovo, em junho de 1999, a província é administrada pela comunidade internacional.





Fonte: EFE

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