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Cultura
Segunda - 24 de Julho de 2006 às 10:07

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Em 7 de novembro de 1980, quando foi ao ar pela Rede Globo o especial Rita Lee Jones, a autora do rock Luz del Fuego era a mais perfeita tradução de pop no mercado nacional de música. Roqueiro brasileiro ainda tinha cara de bandido, como a própria Rita cantara em seu rock paulistano Ôrra Meu, que encerra em clima apoteótico o programa criado por Daniel Filho para a série Grandes Nomes. Numa segunda parceria da Trama com a emissora carioca, Rita Lee Jones chega ao DVD, mas com restauração de áudio e imagem inferior ao trabalho feito para a edição de Elis Regina Carvalho Costa, o primeiro especial da série a sair em vídeo digital. Livro sobre Rita Lee mostra vida de sexo e drogas.

Em 1980, o Brasil tinha mania de Rita Lee. Ao sair do grupo Tutti Frutti para se juntar musical e afetivamente ao guitarrista Roberto de Carvalho, que viraria seu parceiro em sucessos como Lança Perfume, Rita deu um tom pop, leve e carnavalesco ao seu rock que a transformaria em grande vendedora de discos e em freqüentadora assídua das paradas. A ponto de o roteiro de Luiz Carlos Maciel para o especial Rita Lee Jones ter sido formado basicamente com o repertório dos discos lançados pela cantora em 1979 (o de Mania de Você) e 1980 (o de Lança Perfume) - com direito a alguns rocks da fase Tutti Frutti (Luz del Fuego, Mamãe Natureza, Esse Tal de Roque Enrow).

E o fato é que Rita Lee Jones é showzaço que resiste bem ao tempo. Cheia de energia, a roqueira vivia sua fase áurea - e esse esplendor se reflete no vídeo. A direção de Daniel Filho dá a cada número um colorido especial.

Doce Vampiro ganha clima de terror, com Roberto de Carvalho encarnando o vampiro sedutor que intitula a balada. O locutor Hilton Gomes anuncia Miss Brasil 2000 e dá a deixa para Rita, com a habitual desenvoltura cênica, desfilar pela platéia com caras, bocas, coroa e faixa.

Em Esse Tal de Roque Enrow, o teatro está na embocadura com que Rita apresenta esse rock de 1975, incorporando na voz e no gestual a mãe assustada com a intimidade da filha com o tal do rock. Shangrilá é o momento obviamente zen, com luzes azuis e nuvens no cenário circense.

O diferencial de Baila Comigo foi a participação, como bailarino, de Ronaldo Resedá, saudoso cantor à época estourado com músicas como Marron Glacê. Por trás do telão, ele baila sozinho e com Rita num jogo de luz e sombras que valoriza o clima latino do número. A mesma latinidade que pulsa na abolerada Caso Sério, balada que Rita canta olhando, terna e apaixonada, para Roberto de Carvalho, sentado ao piano.

Em João Ninguém, Roberto já está na guitarra. A música era - de acordo com a recém-lançada biografia Rita Lee Mora ao Lado - uma gozação com João Araújo, então o todo-poderoso da Som Livre, a gravadora global que abrigava Rita naquele momento áureo.

E tudo acaba, não exatamente em samba, mas em carnaval roqueiro, com Lança Perfume (com direito à citação da marchinha Alá-lá-ô) e Ôrra Meu. Em 1980, Rita Lee dava um baile no Brasil ainda carente de rock.





Fonte: O Dia

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