Repórter News - www.reporternews.com.br
Noticias da TV
Sábado - 22 de Julho de 2006 às 14:20

    Imprimir


Há quem pense que as telenovelas são fruto apenas da inspiração dos autores e diretores. A realidade, porém, é outra. Os folhetins são os produtos mais valorizados da indústria televisiva e, obviamente, têm fins lucrativos. Distante dos olhos e do gosto do telespectador mais "noveleiro", uma série de regras determina a aprovação das tramas.

E nesse universo dramatúrgico pesam critérios às vezes evidentes, muitas vezes impenetráveis, que vão da classificação etária, audiência e custo, até questões bastante particulares. Na Globo, por exemplo, pouco se esclarece sobre a condução de sua direção de dramaturgia. "Os autores da Globo têm completa liberdade criativa. O critério de seleção é sempre artístico", minimiza, em nota, a Central Globo de Comunicação.

Mesmo que essa "completa liberdade criativa" dos autores seja real, os critérios das emissoras para determinar o que vai ao ar muitas vezes passam ao largo do lado "artístico" das obras. Exemplo disso é a trama de Walter Negrão programada para suceder Sinhá Moça - atual novela das seis da Globo.

Baseado no clássico Os Miseráveis, de Victor Hugo, o folhetim proposto pelo autor foi vetado pela direção da emissora por trazer temas "pesados" para o horário. A novela giraria e torno de um crime e teria, dentre os núcleos, um presídio e um bordel.

"A casa pediu que eu amenizasse a trama, mas disse que se fizesse isso a história perderia impacto", resmunga Walter, que cedeu a vez para Walcyr Carrasco com o "remake" de O Profeta.

Já na Record, as mudanças foram mais "mercadológicas". A emissora lançou esta semana o "remake" de Bicho do Mato com o claro objetivo de afrontar a Globo - que cogitava lançar num futuro breve nova versão de Pantanal, antigo sucesso da extinta Manchete.

Adaptada por Bosco Brasil e Christianne Fridman do original homônimo exibido na Globo em 1972, Bicho do Mato trará mais comédia que a antecessora Prova de Amor, além de cenas mais "apimentadas".

Vai mostrar corpos em profusão na mesma paisagem pantaneira que era destaque no Pantanal original. "Óbvio que levamos em conta os movimentos da concorrência. Mas 90% do peso da decisão é pelo produto em si", garante o diretor-geral de teledramaturgia da Record, Hiran Silveira.

Mudanças de percurso, aliás, são mais comuns em telenovelas do que se imagina. Atual trama das sete do SBT, Cristal sofreu diversas modificações após Herval Rossano assumir a direção-geral de teledramaturgia da emissora de Silvio Santos.

Dentre as principais ações, o diretor adiou a estréia da novela, mudou iluminação e figurino, e promoveu uma "dança das cadeiras" na direção e no elenco da produção - caso do ator Dado Dolabella, contratado para protagonizar a trama no lugar de Rodrigo Veronese. "Televisão é um trabalho de equipe e depende de cada membro", justifica Herval.

Tal justificativa do diretor do SBT, de fato, tem fundamento. Mas, por conta da liberdade dos autores, nem sempre a decisão parte da direção-geral da emissora. Em Páginas da Vida, atual novela das oito da Globo, um depoimento de uma senhora de 68 anos - previamente aprovado pelo autor, Manoel Carlos, e pelo diretor, Jayme Monjardim - pegou de surpresa não só o público mas também a direção da emissora.

No vídeo, que foi ao ar no fim do capítulo do dia 15 de julho, a mulher contou detalhadamente como foi seu primeiro orgasmo - atingido de forma solitária aos 45 anos.

Após uma série de protestos de telespectadores indignados, a direção da Globo reconheceu que houve um excesso no testemunho exibido. Mas Manoel Carlos afirma que vai continuar a exibir depoimentos ao final de cada capítulo do folhetim. "É importante abordar problemas sobre relacionamentos com a temática do sexo livre. São problemas comuns a todos", pondera o autor.





Fonte: TV Press

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/288117/visualizar/