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Politica Brasil
Sexta - 21 de Julho de 2006 às 14:58

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Sem promessas vibrantes de coronéis nacionalistas nem de uma esquerda forte com chance eleitoral, a ausência de emoções parece ser a maior "ameaça" na campanha para a eleição no Brasil de 1o de outubro. A moderação é a marca entre os principais candidatos. Diferentemente das eleições presidenciais realizadas recentemente na Bolívia, no Peru e no México, não há um candidato no país que assuste os investidores ou esteja buscando o difícil objetivo de levar o Estado de volta ao centro do modelo econômico.

Pelo contrário, as promessas de continuidade prevalecem e nos debates, sem grandes confrontos ideológicos, são expostas propostas de criação de emprego, combate à corrupção, aumento do crescimento econômico e o combate à violência urbana. O conjunto do modelo econômico, porém, não vem sendo questionado.

"Há debates sobre a crise de segurança, sobre as práticas de corrupção e pode haver uma campanha violenta sobre esses temas, mas não há propostas de ruptura. Nada se ganha aos gritos no Brasil", disse o analista político Luciano Dias, da consultoria Goes, em Brasília.

"Não teremos ''emoções'' como no Peru, México e Bolívia. O debate estará centrado em como fazer com que o Brasil cresça mais", disse Carlos Lopes, analista da consultoria SantaFé Idéias.

Segundo Lopes, o Brasil, que em meados dos anos 1980 era visto como um país atrasado nas reformas em comparação a democracias mais consolidadas, fez reformas mais duradouras e incorporou valores "maduros".

"Os brasileiros gostam de viver com inflação baixa. Este é um valor incorporado. Outro valor é o de ser mais responsável fiscalmente. Alguém que propusesse uma grande mudança de rumo não agradaria o eleitor", disse o analista.

Até o momento, segundo as pesquisas, a grande incógnita é saber se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ou não precisar de um segundo turno para conquistar a reeleição.

Lula, do PT, cuja possibilidade de vitória antes do pleito de 2002 chegou a amedrontar os mercados, adotou no governo uma política econômica caracterizada pelo rigor fiscal e monetário.

O ex-sindicalista que chegou a ser preso durante o regime militar disse recentemente que nunca foi esquerdista, assegurou que não vai mudar sua política econômica e disse que continuará com planos sociais ambiciosos caso seja reeleito.

Seu principal adversário, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), que ganhou terreno desde que foi lançado candidato, é visto como um administrador eficiente mas sem carisma.

Suas propostas tentam "melhorar" o governo de Lula, consertar as esburacadas estradas, elaborar planos de desenvolvimento regional, buscando acelerar o crescimento.

Tudo isso, porém, muito distante de propostas como as do candidato derrotado peruano Ollanta Humala, do presidente da Bolívia, Evo Morales, ou do polêmico mandatário venezuelano, Hugo Chávez.

"No Brasil, o populismo não tem força para entrar no sistema partidário. Há um ambiente de normalidade econômica há mais de 10 anos e por isso há menos tentação por opções extravagantes", disse Dias. "Isso é bom."

Até mesmo a combativa senadora de esquerda Heloísa Helena, cuja crescente campanha presidencial já conta com 10 por cento das intenções de voto segundo a última pesquisa Datafolha, rejeita a possibilidade de levar o Brasil a caminho do socialismo, rumo que Chávez diz estar dando à Venezuela.



"Não estou apresentando um programa socialista", disse a senadora, que rompeu com Lula afirmando que o presidente embarcou numa "farsa neoliberal". "Se estivesse fazendo isso, estaria sendo intelectualmente desonesta. Estou propondo a democracia."

Após a redemocratização, em 1985, o Brasil enfrentou problemas econômicos como inflação e congelamento de contas bancárias, assim como denúncias de corrupção que levaram ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. A inflação só foi controlada com o Plano Real, em 1994, que catapultou o sociólogo Fernando Henrique Cardoso à Presidência. Desde então, o país tem avançado lentamente na tentativa de resolver os graves problemas sociais, mas quase não tem visto opções de ruptura de peso electoral. "O debate eleitoral se tornou mais racional. Existe mais consciência de limites para que ações de governo não causem inflação", disse Carlo Pio, da consultoria Augurium. Dias, por sua vez, considera que o sistema político do país é o que leva à moderação, pelo fato de que a aprovação de projetos do governo exigem amplos e trabalhosos acordos. "Assim como não há soluções drásticas para os problemas, tampouco há rupturas drásticas, a força da moderação é muito grande", concluiu.




Fonte: Terra

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