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Sábado - 15 de Julho de 2006 às 12:11

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A cada estréia, a "coincidência" fica exposta. Juntam-se nos créditos iniciais das novelas uma batelada de atores com o mesmo diretor ou o mesmo autor de produções passadas. A famigerada "panelinha", ou assim vista em várias outras profissões, não é tão famigerada assim na televisão. E os profissionais do meio não demonstram quaisquer receios em assumir que realmente têm seus eleitos para os papéis.

Alguns autores minimizam a insistência ao dar aos atores amigos funções de pé-de-coelho. "Não gosto de fazer novelas se não tiver no elenco a Laura Cardoso, o Elias Gleizer e o Tony Ramos. Viemos da finada TV Tupi. Por conhecermos bem nossas preferências, fica tudo mais fácil", avalia Walter Negrão.

Já outros recorrem a razões práticas. "Estabelecemos uma relação de confiança e temos certeza de que só alguns atores vão fazer o que realmente queremos com os personagens", argumenta o autor Tiago Santiago.

Já Manoel Carlos, que está no ar com Páginas da Vida, assume que entre seus personagens estão sempre atores como Regiane Alves, Helena Ranaldi e José Mayer. Isso sem falar de sua filha Júlia Almeida, caso clássico de favoritismo familiar. Mas, nesta novela, um ator imprescindível, que sempre trabalha em suas produções é Eduardo Lago, que vive o Bira, o marido traído de Carmem, de Nathália do Vale. "Mais uma vez ele faz um corno indispensável na minha novela", diverte-se Maneco.

Mas nem todos os autores conseguem, a cada novela, incluir seu protegidos no elenco. Com o aumento do número de produções, a disputa entre autores e diretores por atores não tem permitido muita escolha e fica cada vez mais difícil garantir os atores-amuleto.

"Me sinto prejudicado porque sou um autor das sete e não posso me dar ao luxo de sempre ter quem eu quero. Não tive um triângulo amoroso forte na minha última novela porque os atores que eu queria estavam reservados e a atriz iniciante não deu conta do recado", reclama Antônio Calmon, que preferiu culpar Gisele Itiê a responsabilizar o então diretor de núcleo Marcos Paulo, vértice principal do triângulo da malsucedida Começar de Novo.

Já Gilberto Braga vive numa situação oposta. Desde a novela Corpo a Corpo, de 1984, o autor tem Malu Mader em suas tramas. No entanto, pela primeira vez, desde o início dessa "comunhão", a atriz não foi escalada para Copacabana, próxima trama das oito do autor. "O público vai perceber que desta vez não existia um personagem adequado para a Malu. Vamos deixar para a próxima", desconversa Gilberto.

O autor alega que, pela primeira vez, começou a escrever uma trama a partir dos personagens e não do elenco. Mas, por sorte, tinha um papel bem ao feitio de Cláudia Abreu, outra habitué de suas tramas.

Para Silvio de Abreu, a musa indispensável em suas tramas é Cláudia Raia, que já contabiliza seis novelas do autor. "Quando ele me chama para um papel, nem pergunto mais o que é. Ele conhece todos os meus truques e me dá caminhos cada vez mais complicados para uma atriz", valoriza Cláudia.

O mesmo acontece com Mariana Ximenes, que já trabalhou diversas vezes com o diretor Wolf Maya. Com essa intimidade cada vez maior com Wolf, a atriz, que vive a romântica Bel em Cobras & Lagartos, se sente ainda mais à vontade nos papéis. "Temos um tesão parecido no trabalho. Também sou assim com o Jayme Monjardim", compara Mariana.

Na verdade, os autores e diretores elegem seu "casting" preferido ganharem mobilidade na hora de criar personagens. Mas isso só ocorre quando o estilo de cada ator é bem-conhecido. "Sei que determinado ator vai interpretar o texto exatamente da maneira que eu quero. Por isso pego nossos 'confiáveis' e os misturo aos novatos", analisa o autor Carlos Lombardi, como quem se refere à uma receita gastronômica.

Nascente de novatos Autores e diretores já perceberam que seus atores preferidos são uma fonte esgotável. Por isso, costumam garimpar atores novos para suas tramas e avaliar se estes vão ou não entrar para o clube. O diretor Jayme Monjardim, por exemplo, volta e meia faz apostas inesperadas em suas tramas.

Thiago Lacerda, por exemplo, que estreou em Malhação, em 1997, apareceu sem grande destaque em Hilda Furacão e foi logo alçado ao posto do protagonista Mateo de Terra Nostra, dirigida por Jayme. Virou o xodó e reapareceu em Aquarela do Brasil, A Casa das Sete Mulheres, América e, agora, em Páginas da Vida. "Procuro fugir das 'panelinhas' do Rio e sempre trazer atores novos, principalmente do teatro em São Paulo", justifica o diretor paulistano.

Wolf Maya vai um pouco mais longe na busca de novos atores. Ele tem escola de atores tanto no Rio como em São Paulo e tem uma certa facilidade para escalar o elenco em suas novelas, nem que para isso tenha de adestrar ou reciclar os profissionais. Recentemente, Wolf reciclou três atores: Tânia Kalil, Leonardo Miggiorin e Nanda Costa, alunos de sua escola. "Tento fugir um pouco do excessivo 'glamour' para buscar novos nomes", valoriza o diretor, que também volta e meia trabalha com sua filha, a atriz Maria Maya, fiel integrante do seu seleto grupo de atores preferidos, onde estão também Danielle Winits, Humberto Martins e Marcos Pasquim, entre outros.

Instantâneas

# Os atores que sempre fazem parte das tramas de Aguinaldo Silva são Adriana Esteves, Luiza Tomé, Arlete Salles e José Wilker.

# José Mayer, que já atuou em cinco novelas de Manoel Carlos e faz parte do seu time de preferidos, garante que não se incomoda em aparecer em segundo plano nas tramas do autor, onde os papéis femininos sempre se destacam.

# Quando Lavínia Vlasak foi para a Record protagonizar Prova de Amor, Manoel Carlos disse que sentia por ela não poder integrar o elenco de Páginas da Vida e continuar trabalhando com o autor.

# Pela terceira vez numa trama de Benedito Ruy Barbosa, em Sinhá Moça, Danton Mello assegura que se identifica com o lado passional dos textos do autor e que isso facilita no trabalho.

# Em Bang Bang, Carlos Lombardi criou um papel especialmente para Nair Bello. "Foi a primeira vez que fiz um papel especificamente para uma atriz", garante o autor.





Fonte: TV Press

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