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Politica Brasil
Sexta - 07 de Julho de 2006 às 07:48
Por: Rodrigo Vargas

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Era difícil conter a ansiedade. Deputado federal recém-empossado, vindo do distante Mato Grosso, Dante de Oliveira tinha plena consciência de que aquela quinta-feira, 3 de março de 1983, ficaria para sempre gravada em sua trajetória política. Para o bem ou para o mal.

“Eu estava tão ansioso para apresentar o projeto que fiquei na fila, perto do microfone, e fui o primeiro a falar. Eu tinha clareza que o projeto seria muito discutido, por conta da sucessão presidencial. Por isso eu queria ser o primeiro a apresentá-lo”, relembraria ele, vinte anos depois, em um trecho do livro “Diretas Já: os 15 meses que abalaram a ditadura”.

Durante sua campanha, ele havia percebido que o tema fazia fervilhar comícios e era abertamente discutido nas universidades. “Aquilo me marcava, era algo que tocava as pessoas (...)a resposta da população era muito forte quando se falava em elegermos o presidente da República. Quando me elegi, tomei a decisão: vou apresentar o projeto”.

Antes mesmo de assumir o mandato, ele já se movimentava, com agilidade, para tornar realidade aquela ousadia. Em janeiro, foi ao congresso pesquisar sobre eventuais projetos que tratassem de eleições presidenciais diretas. “Um funcionário do Senado me informou que não havia nenhum”.

Também começou a coletar assinaturas dos congressistas em um ritmo frenético – trabalho que lhe valeu de Ulisses Guimarães o apelido de “mosquito elétrico”. “Sorte e preparo físico. Nunca vi ninguém correr tanto e tão rapidamente naquele congresso atrás de assinaturas como aquele magro”, lembrou ou ex-deputado e ex-ministro Fernando Lyra.

Com o apoio expresso de 199 congressistas – 176 deputados e 23 senadores – Dante leu a Proposta de Emenda à Constituição nº5 de forma enérgica, qualificando-a como “única solução à crise econômica, política e social porque passa o país”. “A nós basta um mínimo de patriotismo, de honestidade e de sentimento humano, para entendermos que é hora de mudar”.

No dia seguinte, apesar da tímida repercussão – apenas o jornal O Globo registrou, em um matéria curta, a apresentação da proposta - uma reunião da bancada do PMDB concluiu que havia clima político para iniciar uma mobilização partidária em torno da proposta apresentada por Dante.

Uma comissão foi então designada para definir um plano de mobilização. Em 15 meses, o passo dado por Dante resultaria em uma das maiores mobilizações populares de nossa história. O Brasil gritou: Diretas Já.





Fonte: Diario de Cuiabá

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