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Internacional
Quinta - 15 de Junho de 2006 às 23:30

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, disse na quinta-feira que uma crise orçamentária temida para ocorrer no final deste mês por causa da demora nas reformas da entidade será evitada, e implicitamente alertou os Estados Unidos a não deixarem o organismo mundial à míngua.

"A reforma irá adiante, e o limite orçamentário será suspenso. Pelo que posso ver, não haverá crise neste mês", disse Annan em entrevista coletiva.

Países ricos —EUA à frente— impuseram em dezembro um limite ao orçamento da ONU, na tentativa de pressionar países em desenvolvimento a finalmente aprovarem a reforma administrativa da entidade até 30 de junho.

Embora sejam poucos, os países ricos respondem por mais de 80 por cento do orçamento da ONU.

Mas a decisão teve um efeito contrário, pois, em maio, os países em desenvolvimento se rebelaram e derrubaram as partes mais importantes da reforma. Em seguida, ameaçaram simplesmente rejeitar o limite orçamentário.

Representantes dos EUA e do Japão, mesmo sem ameaçar explicitamente suspender os pagamentos deste ano, reclamam que podem sofrer pressão doméstica para fazê-lo.

Algumas autoridades norte-americanas alertaram que alguns parlamentares podem se irritar e cortar os pagamentos de Washington, em reação ao que consideram ser um crescente sentimento antiamericano entre líderes da ONU e países em desenvolvimento.

As tensões entre EUA e ONU voltaram à tona na semana passada, quando o subsecretário-geral Mark Malloch Brown acusou o governo Bush de manter "em segredo" a dependência dos EUA em relação à ONU, porque atuar com a entidade "não é considerada boa política internamente".

INSULTO

O embaixador dos EUA, John Bolton, considerou o discurso um insulto ao povo norte-americano e pressionou Annan a repudiar os comentários de Malloch Brown. Do contrário, alertou o diplomata, "a vítima será os Estados Unidos."

A secretária de Estado Condoleezza Rice posteriormente telefonou para Annan dizendo concordar com as críticas de Bolton.

Annan, por sua vez, apoiou o seu sub, dizendo-se de acordo com o âmago do argumento —que os EUA e a ONU necessitam um do outro.

Bolton também alertou que o discurso prejudicará as reformas. Mas, na quinta-feira, afirmou que EUA, Japão e União Européia asseguraram na véspera aos países em desenvolvimento que o limite orçamentário será suspenso caso o pacote de reformas decole.

Annan disse a jornalistas que não há sinais de que Washington esteja recuando as reformas ou de que os comentários de Malloch Brown tenham tornado sua negociação "muito mais difícil".





Fonte: Reuters

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