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Internacional
Domingo - 04 de Junho de 2006 às 09:40

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Um contingente de 120 agentes portugueses foi aclamado na chegada hoje ao Timor Leste, onde terão a tarefa de contribuir para a pacificação de sua ex-colônia, que hoje está emn meio a novos incêndios e ataques de grupos nas ruas.

Os efetivos da Guarda Nacional Republicana (GNR) fizeram ato de presença em Dili, após uma viagem de 122 quilômetros a partir de Baucau, a segunda cidade do país, em cujo aeroporto militar aterrissaram nesta madrugada.

Em Baucau (leste), a força portuguesa foi recebida pelo ministro de Exteriores e novo titular da Defesa, José Ramos Horta, assim como pelo chefe do Exército do Timor Leste, Taur Matan Ruak.

O comboio português, formado por 50 veículos, seguiu rumo a Dili sendo aclamado quando passava pelas povoações que separam Baucau da capital.

Os agentes portugueses eram esperados com ansiedade pelas autoridades timorenses, que os consideram um fator-chave para devolver a segurança à capital, onde cerca de 70.000 pessoas vivem há duas semanas em acampamentos de refugiados, porque têm medo de voltar para casa.

"A presença portuguesa reconforta o povo, porque este lembra o bom trabalho que fizeram no violento ano de 1999", disse à Efe o padre José Antonio Costa, a serviço da Catedral de Dili, em referência à violenta onda de terror empreendida pelas milícias favoráveis à integração com a Indonésia, após o plebiscito daquele ano que indicou a vitória pela independência.

Além disso, O religioso acredita que os portugueses têm a seu favor o conhecimento da cultura do Timor Leste, onde permaneceram durante aproximadamente cinco séculos, até o país ser ocupado pela Indonésia em 1975, anexação que custou a vida de cerca de 200.000 timorenses.

As tropas da antiga metrópole se uniram às forças de paz que atuam em Dili desde que, no final de abril, um grupo de 600 soldados da região oeste (loromonos) denunciaram que estavam sendo discriminados pelos comandantes do Exército, pertencentes à região leste (lorosaes).

O protesto - reprimido pelo Exército - provocou uma onda de violência na capital entre as duas comunidades, que hoje voltou a acontecer nas redondezas da ponte que liga o centro da cidade com Comoro, bairro próximo ao aeroporto.

Pelo menos duas casas foram incendiadas em um confronto entre "lorosaes" e "loromonos", que acabou com a intervenção de 20 soldados da Austrália, país com a maior força militar estrangeira mais em Dili, onde Malásia e Nova Zelândia também mobilizaram tropas.

O novo confronto não deixou vítimas hoje, informaram fontes hospitalares. Os australianos revistaram várias casas e interrogaram várias pessoas, na maioria jovens, mas não detiveram ninguém nem encontraram armas.

"Não estamos autorizados a praticar prisões, a menos que surpreendamos os agressores utilizando ou levando armas", explicou à Efe o tenente australiano Richard Burtolo, após revistar um dos domicílios.

O militar acrescentou que, na quarta-feira, seus homens apreenderam em Comoro nove pistolas, nove rifles e vários facões, e reconheceu que a área é uma das mais conflituosas da cidade.

A ponte de Comoro, sobre o rio de mesmo nome, separa dois bairros de moradores "lorosae" e "loromono", e é um reflexo do conflito étnico no Timor Leste, problema que se soma à crise política e a uma situação de pobreza que não diminuiu nos quase quatro anos de exercício como país independente.





Fonte: EFE

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