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Politica Brasil
Segunda - 29 de Maio de 2006 às 09:00
Por: Celso Bejarano Jr.

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O escândalo das ambulâncias compradas de modo superfaturado com dinheiro público e desmascarado a partir da Sanguessuga, operação da Polícia Federal, parece um poço sem fundo.

O último lance das investigações desenha os detalhes de uma lista com nomes de 13 deputados federais envolvidos na fraude milionária, entre eles o de Pedro Henry, do PP mato-grossense.

O parlamentar eleito principalmente com votos dos eleitores de Cáceres teria ganho no esquema algo em torno de R$ 170 mil.

Este parlamentar já havia sido citado, mas não de modo minucioso como agora. Registros contábeis examinados pela PF e a Corregedoria da Câmara indicam que a Planam, empresa que negociava as ambulâncias com as prefeituras, destinou algo em torno de R$ 1 milhão aos 13 deputados no período de 2001 a 2002.

Essa informação foi publicada ontem no jornal Folha do São Paulo. O jornal diz ainda que há nomes de vários ex-parlamentares, deputados estaduais e prefeitos que teriam sido favorecidos de algum modo.

A Folha do Estado tentou ouvir Pedro Henry ontem pela manhã, mas não conseguiu. Contudo, a assessoria dele enviou um comunicado em que o parlamentar se defende (ver mais nesta página).

De acordo com a contabilidade da Planam, empresa instalada em Cuiabá, os 13 recebiam pagamentos por meio de dinheiro, depósito bancário ou cheques, em uma soma que totalizou R$ 990 mil. Alguns parlamentares teriam leasing de veículo pago pela empresa, cita a apuração.

A fraude, segundo relatório da PF, consistiria no desvio de verbas do Orçamento da União para a aquisição, por prefeituras, de ambulâncias superfaturadas.

O delegado da PF que conduz as investigações, Tardelli Boaventura, disse que ao menos 70 prefeituras mato-grossenses negociaram ambulâncias com as empresas investigadas. Ao menos 50 pessoas foram indiciadas.

Dez empresas, algumas de fachada, entravam no negócio vendendo as ambulâncias e umas 15 agiam como se fossem fornecedoras dos equipamentos hospitalares. No final, um veículo que no mercado custava R$ 40 mil era adquirido pelas prefeituras por R$ 80 mil.

Os recursos eram captados no Orçamento por meio de emendas propostas por deputados e senadores.

A contabilidade e gravações telefônicas feitas pela PF durante as investigações são analisadas agora pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza. O Congresso desistiu de investigar o caso devido às fortes pressões dos acusados.

Durante os 15 dias em que investigou o caso, a Corregedoria da Câmara reuniu indícios de envolvimento contra 45 parlamentares. Esse número pode saltar para 283 diante do depoimento de Maria da Penha, ex-servidora do Ministério da Saúde, presa por participar do esquema.

Graúdos

Entre os 13 deputados que teriam recebido propina da Planam estão dois integrantes da Mesa, Nilton Capixaba (PTB-RO), segundo-secretário, e João Caldas (PL-AL), quarto-secretário. Capixaba seria o que mais recebeu, com registro de depósitos e pagamentos a assessores que somam R$ 379 mil. Caldas teria recebido R$ 52 mil. Além deles, há ex-líderes de bancada, como Pedro Henry (PP-MT), o segundo com o maior valor registrado, R$ 174 mil, e Paulo Baltazar (PSB-RJ), com R$ 87,5 mil.

Esses quatro devem integrar a primeira leva de denúncias que estão sendo preparadas pelo procurador-geral.

Mais envolvidos

A análise da contabilidade da empresa não permite saber o real número de supostos envolvidos. Às vezes, os registros não são claros, além de haver pagamentos assinalados a diversos assessores sem que o nome do parlamentar esteja presente, informou ontem a Folha de São Paulo.

Outro indicador: em determinado ponto dos documentos, há o registro "depósito a Marco A. Lopes – diversos parlamentares", dando a entender que essa pessoa seria uma das responsáveis por distribuir a propina entre os congressistas. (Com Folha de São Paulo)

Em nota, parlamentar nega acusação

O deputado federal Pedro Henry, do PP, mandou à redação da Folha do Estado um comunicado em que diz ser inocente e que a “justiça aparecerá”.

Henry escreveu assim: “Lamento profundamente, tal qual no episódio da "Lista de Furnas", que mais uma vez, sem comprovação documental alguma, lance-se nomes públicos de forma inconseqüente, relacionando-os a atitudes espúrias. Parece-me que tais fatos têm objetivos inconfessáveis de prejudicar politicamente uns, ao mesmo tempo em que beneficiam outros.

Estamos vivendo mais uma crise política em pleno período eleitoral, desencadeada agora pela chamada "Operação Sanguessuga". É normal supor que as denúncias venham a tomar espaço em parte da mídia, mas tenho a certeza, como sempre tive anteriormente, de que a verdade aparecerá e a justiça novamente prevalecerá.

Infelizmente, só estou tomando conhecimento de denúncias me envolvendo através da imprensa e em nenhum momento tive acesso a qualquer documento ou comunicado oficial de que haja qualquer dúvida que necessite esclarecimentos meus. Não posso me pronunciar sobre algo que não vi e não permitirei que me especulem, sem que eu me manifeste de forma consciente sobre os fatos.

Durante todo o período que exerço mandato na Câmara dos Deputados, não apresentei nenhuma emenda individual de minha autoria para aquisição de ambulâncias, embora entenda ser legítima esta prerrogativa e necessária aos diversos municípios mato-grossenses.

Volto a reafirmar à Sociedade que não tive e não tenho qualquer envolvimento com práticas ilícitas. Aguardarei mais uma vez que o curso das investigações traga à tona a verdade dos fatos, pois confio na justiça e na verdade”.





Fonte: Folha do Estado

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