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Internacional
Domingo - 28 de Maio de 2006 às 09:44

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Equipes de resgate escavam em desespero e hospitais lutam para lidar com os milhares de feridos neste domingo, um dia depois do terremoto que matou mais de 4.600 pessoas na ilha de Java, na Indonésia. Cerca de 20.000 pessoas ficaram feridas e mais de 100.000 desabrigadas, disse à Reuters John Budd, porta-voz da UNICEF, fundo da ONU para a infância. Mas ele afirmou que o número ainda não é o final.

"Ninguém realmente sabe com certeza, porque muita gente foi retirada... para ser tratada e muita gente ferida foi recusada,", disse Budd.

Caminhões cheios de voluntários de partidos políticos e grupos islâmicos da Indonésia, além de veículos militares com soldados, partiram em direção ao sul, a partir da antiga cidade real de Yogyakarta, para Bantul, a mais atingida pelo terremoto, para ajudar nos trabalhos.

"Kopassus (tropas de forças especiais) e voluntários da Cruz Vermelha da Indonésia estão tentando procurar entre os destroços, porque milhares de casas foram danificadas e muita gente ainda pode estar presa", disse Ghozali Situmorang, diretor-geral do setor de ajuda do departamento social nacional, em entrevista à rádio Yogyakarta.

Suprimentos médicos e bolsas para corpos estão chegando ao aeroporto de Yogyakarta, a cerca de 25 quilômetros da costa do Oceano Índico, onde foi o centro do terremoto de magnitude 6,3 no sábado.

Um vulcanólogo disse que o terremoto aumentou a atividade vulcânica no Monte Merapi, na mesma região, e que especialistas acham que pode entrar em erupção. O Merapi vem soltando lava quente e gases altamente tóxicos nas últimas semanas.

O número oficial de mortes subiu para 4.611 na noite de sábado, disse a força-tarefa do Ministério de Assuntos Sociais.

Na região de Bantul, onde foram registradas mais de 2.000 mortes e onde a maioria dos prédios caiu, barracas de plástico tomaram as ruas.

Sob o calor da tarde, Sugiyo procurava entre os destroços de sua casa. Ele ficou preso com a família e foi resgatado por outros moradores. Sua mãe morreu.

"Encontrei minha moto, mas está destruída. Encontrei o armário, mas também está quebrado", disse.

Mas sua face brilhou quando localizou uma caixa rosa com fraldas e roupas de bebê. "Isso é para minha filha de 2 anos",disse.

As autoridades lutam para levar ajuda para a região.

"O problema agora é que ainda faltam barracas, muita gente ainda está nas ruas e em áreas abertas", disse Suseno, da força-tarefa em Yogyakarta.

Outro problema é a falta de água limpa, disseram autoridades. Todos os 12 sistemas de distribuição de Bantul pararam totalmente, ou não estão funcionando bem, disse Budd, da UNICEF.

MUITOS FERIDOS

O terremoto atingiu a região quando muita gente ainda estava dormindo. As casas costumam ser mal construídas, com telhados de madeira.

Os hospitais estão lotados. No Bethesda, em Yogyakarta, as pessoas estão nos corredores.

"Há muitos feridos graves. Está totalmente lotado", disse o voluntário no hospital Andrew Jeremijenko.

"Estive em outros hospitais. Todos estão lotados. Não há médicos nem enfermeiras suficientes para tratar de todos."

O terremoto de sábado foi o terceiro tremor forte na Indonésia em 18 meses. O pior, em 26 de dezembro de 2004, que provocou o tsunami, deixou cerca de 170.000 mortos e desaparecidos em Aceh. A Indonésia fica no chamado "Anel de Fogo" no Pacífico, marcado por alta atividade vulcânica e tectônica.

Na manhã de domingo, um terremoto de 6,7 atingiu Tonga, no Pacífico Sul, e a região de Nova Bretanha, de Papua Nova Guiné, foi atingida por um tremor de magnitude 6,2, disse o instituto norte-americano U.S. Geological Survey.

AJUDA MUNDIAL

A ONU está mandando ajuda. A Austrália prometeu 2,5 milhões de dólares em ajuda humanitária. Os EUA prometeram 2,2 milhões de dólares.

O presidente dos EUA, George W. Bush, telefonou para o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, para manifestar condolências. Yudhoyono transferiu seu escritório temporariamente para Yogyakarta, para ficar perto dos esforços de resgate.

Yogyakarta é um importante destino turístico e tem atrações antigas e protegidas, como Borobudur, o maior monumento budista do planeta. Ele sobreviveu ao terremoto.

Mas o complexo de templos hindus Prambanan, perto da cidade, foi danificado, bem como as estradas e casas ao seu redor, disse uma testemunha da Reuters. Alguns moradores estão pedindo dinheiro aos motoristas que passam pela região, disse.

A mídia local disse que partes externas de palácios reais de séculos de idade também caíram.





Fonte: Reuters

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