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Politica Brasil
Quarta - 10 de Maio de 2006 às 07:50
Por: Karoline Garcia

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O esquema de compra fraudulenta de unidades móveis de saúde envolve pelo menos 170 deputados federais, sendo que três deles são representantes de Mato Grosso no Congresso Nacional. As informações são da ex-assessora do Ministério da Saúde, Maria da Penha Lino, apontada pela Polícia Federal como braço forte da organização criminosa desbaratada na Operação Sanguessuga. Penha prestou depoimento por mais de cinco horas na sede da Polícia Federal, entre a noite de segunda-feira e a madrugada de terça-feira.

De acordo com o advogado da ex-servidora, Eduardo Mahon, uma relação de congressitas foi apresentada à ex-assessora e com uma caneta ela grifou os nomes dos envolvidos. A defesa preferiu não divulgar os nomes, apenas afirmou que três nomes de Mato Grosso eram fortes no esquema.

Apesar de não revelar os nomes, Penha citou nomes de parlamentares que seriam inocentes e sem qualquer envolvimento com a quadrilha: Thelma de Oliveira (PSDB), Tété Bezerra (PMDB) e Celcita Pinheiro (PFL).

Ela também teria inocentado os senadores Antero Paes de Barros (PSDB) e Jonas Pinheiro (PFL). “A cliente disse que estes eram impermeáveis aos pedidos da Planam”, disse o advogado Eduardo Mahon.

Os petistas deputado federal Carlos Abicalil e a senadora Serys Marli não foram citados durante o depoimento.

Maria da Penha revelou ainda que os parlamentares “vendiam” as emendas cobrando entre 5% e 20%, dependendo do deputado conforme revelou o advogado, em cima do valor das unidades, todas adquiridas pelo Ministério na Planam, empresa do lobista Darci Vedoin. Segundo ela, os parlamentares que procuravam e assediavam os prefeitos para que os “negócios” com emendas fossem fechados. Por isso, a ex-assessora de Saraiva Felipe (PMDB), deputado federal que à época era ministro da Saúde, também inocentou em seu depoimento o irmão do presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios, José Wagner dos Santos. Wagner foi indicado pelo irmão José Aparecido dos Santos para coordenar o Escritório de Representação da AMM (Eramm), em Brasília.

“Penha o qualificou como um meninão babaca, que na verdade buscava e levava prefeitos do aeroporto aos Ministérios. Disse que ele não tem nada a ver com isso tudo”.

Ainda em seu depoimento, Maria da Penha Lino teria revelado que os proprietários da Planam, apontados como mentores da quadrilha que movimentou cerca de R$110 milhões com a compra das ambulâncias, sacavam o dinheiro destinado ao pagamento de propina em uma agência bancária de Brasília. Os valores eram levados nos bolsos da calça, dos paletós, cuecas e até nas meias. A tramóia era realizada pois temiam que a verba fosse detectado em malas em caso de passar por raio-x.

Defesa quer suspeita como testemunha

“Não me responsabilizo pelas declarações da minha cliente. Eu não a conheço”, disparou o advogado da ex-assessora do Ministério da Saúde , Maria da Penha Lino- indicada como integrante da quadrilha que agia no órgão, Eduardo Mahon. O depoimento, considerado “bombástico”, que a cliente dele prestou anteontem à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal foi resultado de um acordo firmado entre a defesa e o MPF.

A expectativa de Mahon é que Penha entre no processo como testemunha e não seja denunciada. Outra possibilidade apresentada pela defesa é que a suspeita, caso seja denunciada, parta para a delação premiada, o que pode implicar redução da pena em até 2/3.

Conforme o advogado, o máximo que Maria da Penha deve responder é por advocacia administrativa, crime previsto no artigo nº 321, do Código Penal, que é patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. O cargo ocupado por ela era justamente a “demanda política”, ou seja, acompanhamento de processos de prefeituras de todos os estados.

“O assédio a ela era natural. Como acontece em outros ministérios, acontece lá também”, informou o advogado.




Fonte: Folha do Estado

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