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Cidades/Geral
Quinta - 04 de Maio de 2006 às 14:03

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O Bispo da Diocese de Diamantino Dom Canísio Klaus fez a leitura durante a missa matinal do ultimo domingo de uma carta de apoio a manifestação dos agricultores que estão realizando protesto em vários municípios de Mato Grosso e que já ganhou a adesão de vários outros estados produtores do Brasil.

Na carta endereçada as autoridades do estado, cita que o objetivo da carta é dar apoio nesse momento de crise por que passa os agricultores do Brasil e especial da região produtiva de Mato Grosso. Na carta ainda garante que a manifestação não se trata de conseguir privilégio, mais sim, de garantir a condição de sobrevivência digna e enuncia que é hora de rever o modelo econômico ou rejeitar o sistema do neoliberalismo.

A carta defendeu ainda, a questão da valorização da pessoa humana e do trabalho neste ano eleitoral e que estes objetivos estejam no plano de governo para mudar a realidade existente.

Logo após a missa realizada na igreja Matriz da imaculada Conceição o Bispo Dom Canísio celebrou uma missa a beira da BR 364 onde esta ocorrendo o bloqueio dos produtores de Diamantino.

Veja a integra da carta da Diocese de Diamantino ao produtores e autoridades:

Carta de apoio ao Protesto dos Agricultores

A Diocese de Diamantino vem através do seu bispo diocesano, Dom Canísio Klaus, manifestar de forma pública a solidariedade e total apoio ao justo e necessário protesto dos agri-cultores, produtores rurais e segmentos afins, à crise da agricultura criada e instalada em todo o país e sobretudo em nossa região.

Esta nossa manifestação de apoio justifica-se quando vemos pessoas, famílias e a classe trabalhadora, verem seus direitos fundamentais quanto à vida, ao trabalho e a justa remu-neração sendo feridos e desrespeitados. Tudo isso é vergonhoso, humilhante e desumano para quem até hoje só contribuiu para o crescimento e desenvolvimento deste país.

Não se trata de conseguir privilégios, mas apenas condições dignas de vida e trabalho ao ser humano.

Estamos na semana da cidadania e diante do 1º de maio, dia dos trabalhadores e tra-balhadoras, todos empenhados na construção do Brasil. O trabalho valoriza a pessoa humana e constrói a sociedade; por isso precisa ser defendido contra aqueles que o utilizam para oprimir e explorar o próximo. (cf Deuteronômio 5, 12-15).

É hora de revermos os modelos econômicos ora reinantes e rejeitar o sistema conhe-cido como “neoliberalismo”, que apoiado numa concepção economista da pessoa humana, consi-dera o lucro e as leis de mercado parâmetros absolutos em detrimento da dignidade e do respeito da pessoa e do povo.

Neste ano eleitoral é preciso que a questão do trabalho e o respeito a dignidade da pessoa humana sejam priorizadas nos programas dos candidatos e nos debates pré-eleitorais indicando novos caminhos na superação do desemprego e do respeito à justa remuneração ao trabalho. Só existe verdadeira cidadania quando o direito à vida e ao trabalho estão assegu-rados.

A melhor política é proporcionar oportunidades de trabalho, assegurar o justo salário, possibilitar a distribuição de renda, imprimir ao desenvolvimento uma dimensão humana e ecoló-gica, promover a justiça e a paz. Assim realiza-se o sonho do profeta Isaias: “construirão casas e habitarão nelas, plantarão vinhas e comerão de seus frutos. Ninguém trabalhará inutil-mente...” (Isaias 65, 17-25).

Nesta semana da cidadania e diante a proximidade do Dia do Trabalhador rogamos a Deus que cessem todas as relações e injustiças ligadas ao mundo do trabalho e que o povo dessa Diocese e do Brasil, desfrutem de verdadeira justiça, solidariedade e paz social.

Que Nossa Senhora Aparecida e São José Operário protejam as famílias brasileiras para que todos os trabalhadores e trabalhadoras tenham vida e vida em abundância (cf Jo 10,10).

Manifestando o nosso profundo e total apoio a todos os que sofrem as mais variadas indignações com esta crise da agricultura, invocamos as bênçãos de Deus para que iluminados por sua palavra e sustentados por suas capacidades e talentos encontrem uma saída feliz e pro-missora para a digna viabilidade da agricultura.





Fonte: Jornal O Divisor

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