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Meio Ambiente
Quinta - 13 de Abril de 2006 às 14:35

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Cientistas americanos aperfeiçoaram um sistema para produzir petróleo sintético a partir do carvão, que pode ser uma alternativa viável à matéria-prima normal no futuro se os preços continuarem subindo.

Em um estudo publicado hoje na revista Science, um grupo de cientistas da Universidade da Carolina do Norte e da Universidade de Nova Jersey sugere que a criação desse tipo de petróleo pode ser a solução diante do fim das reservas de hidrocarboneto.

A pesquisa é apresentada no momentos em que os preços do combustível se aproximavam dos US$ 70 por barril, em um mercado volátil influenciado pelas crises políticas do Oriente Médio e pelo conflito gerado com as ambições nucleares iranianas.

Segundo os cientistas, o processo feito em duas fases melhora um método já existente, que permite produzir um combustível alternativo mais limpo a partir do carvão através da transformação de seus resíduos em combustível diesel.

A viabilidade do método ganha força com o perfil das reservas energéticas dos Estados Unidos, que atualmente são formadas por apenas 2% de petróleo, 3% de gás e 95% de carvão.

"Muitas pessoas no setor energético acham que, quando o petróleo começar a se esgotar, o carvão será uma fonte para o combustível destinado ao transporte antes de aperfeiçoarmos as fontes energéticas que têm como base a luz solar e o hidrogênio", afirmam os cientistas.

Por enquanto, a produção de combustíveis diesel é especialmente atrativa, porque os motores a diesel são mais eficientes que os que operam com gasolina.

O método "Fischer-Tropsch" de criar combustíveis sintéticos a partir do carvão existe desde a década de 20, e esse tipo de combustível já é usado por veículos de grande porte na África do Sul.

Segundo os cientistas, as empresas americanas já manifestaram seu interesse nesse tipo de combustível que, além disso, emite menos partículas poluentes e menos monóxido de carbono que os a diesel convencionais.

"Já há empresas refinadoras interessadas, e o sistema pode ter competitividade se os níveis de preço chegarem aos US$ 100 por barril", disse Maurice Brookhart, professor de química do Colégio de Artes e Ciências da Universidade da Carolina do Norte e um dos autores do estudo.

O problema do método "Fischer-Tropsch" é que, até agora, é considerado inviável devido a seu alto custo.

"No entanto, com o alto preço do combustível, acho que em breve será um processo competitivo para fabricar combustíveis líquidos", disse Brookhart.

A reação "Fischer-Tropsch" cria compostos de hidrocarbonetos saturados com cadeias abertas chamados alcanos, como o metano e o etano.

Alguns desses alcanos podem ser usados como combustível, mas há outros cujo peso molecular é muito baixo.

Mas o processo desenvolvido pelos cientistas permite transformar um maior número de materiais que podem ser usados como combustíveis diesel, segundo Brookhart.

"Isto é feito através de um sistema catalítico duplo que nos permite pegar alcanos de baixo peso molecular e aumentá-lo a um nível adequado para o combustível diesel", disse.

O cientista disse que o sistema pode combinar um peso molecular muito baixo com alcanos de alto peso e conseguir hidrocarbonetos saturados de cadeia aberta, para produzir alcanos na categoria dos combustíveis diesel.

Mas Brookhart advertiu que, apesar de o aperfeiçoamento do sistema ser promissor, a pesquisa está em fase inicial.

"É preciso melhorias consideráveis nos sistemas catalíticos antes que sejam verdadeiramente práticos. Estamos trabalhando nisso", acrescentou.





Fonte: EFE

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