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Nacional
Quinta - 30 de Março de 2006 às 22:04
Por: Isabel Versiani

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Em seu primeiro relatório de inflação trimestral do ano, o Banco Central manteve a projeção de crescimento de 4 por cento para 2006 e traçou um cenário bastante favorável para os preços, mas voltou a reforçar a importância de manter a cautela na política monetária.

"A avaliação do relatório é basicamente de que os dados que foram divulgados desde o relatório anterior confirmam o progresso na consolidação da trajetória de crescimento sustentável para a economia brasileira no médio prazo", disse o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua a jornalistas ao comentar os dados divulgados nesta quinta-feira.

Para este ano, a projeção para a inflação, sob um cenário de referência, foi reduzida de 3,8 por cento para 3,7 por cento na comparação com o último relatório, divulgado em dezembro.

Para 2007, o prognóstico para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi elevado de 3,6 por cento para 3,9 por cento. Ambas as estimativas, contudo, permanecem bem abaixo do centro da meta do governo, de 4,5 por cento.

"A trajetória esperada para os preços ao consumidor é de convergência para a meta, em linha com a continuidade do processo de flexibilização da política monetária iniciada na segunda metade de 2005", afirmou o BC no relátorio.

O cenário de referência leva em conta uma Selic estável em 16,50 por cento e um câmbio próximo ao valor de 2,15 reais por dólar durante todo o horizonte de previsão.

Considerando prognósticos do mercado para os juros e o câmbio, o BC disse que a projeção para a inflação é de 4,6 por cento este ano e de 5,4 por cento em 2007 —acima do centro da meta.

"Na comparação com o cenário de referência, os valores mais elevados devem-se às expectativas dos analistas de redução na taxa Selic e de depreciação nominal do câmbio ao longo do horizonte de projeção", justificou o BC.

ATIVIDADE

A autoridade monetária destacou que a atividade econômica será impulsionada nos próximos meses pelo crescimento do emprego e da renda e pela queda dos juros, além da elevação do salário mínimo e dos maiores gastos do governo.

As perspectivas favoráveis deverão catalisar a aceleração dos investimentos, previu o BC, o que reduz eventuais riscos de descasamento entre demanda e oferta.

"Esse cenário (de crescimento) deverá se materializar dentro de um quadro ainda mais benigno do que o observado em 2005 no que diz respeito à evolução dos preços", concluiu o BC ao reafirmar sua projeção de crescimento de 4 por cento.

Questionado sobre o fato de a projeção do BC para o PIB ser mais conservadora do que a do novo ministro da Fazenda, Guido Mantega —que falou, após ser indicado para o cargo, em crescimento de "4 a 5 por cento" para 2006—,Bevilaqua lembrou que, no passado, estimativas mais otimistas feitas pelo então ministro Antonio Palocci para o PIB acabaram se mostrando mais acertadas do que prognósticos do BC.

Ele acrescentou que a projeção do BC é preliminar e poderá ser atualizada à medida que dados da economia justificarem mudanças.

O aumento da atividade já deve se refletir em uma melhora na produção industrial em fevereiro, disse Bevilaqua.

Ele destacou o fato de, nos últimos meses, as vendas no varejo estarem tendo um desempenho mais favorável do que a produção industrial, o que indica que as empresas estão se desfazendo de estoques. "Se confirmar o que você vê nos indicadores antecedentes, a produção industrial deve mostrar alta em fevereiro" afirmou . Se isso ocorrer, será uma indicação, segundo ele, de que as empresas passarão a acumular estoques, contribuindo para o aumento da demanda agregada.

RISCOS E CAUTELA

Ao comentar os riscos ao cenário econômico, a autoridade disse que "tanto o cenário interno quando o cenário externo permanecem favoráveis".

O relatório destaca, no entanto, a piora nas condições de liquidez no mercado internacional e afirma que, internamente, dado os cortes sucessivos já feitos na Selic, aumentaram as incertezas sobre os efeitos que reduções adicionais na taxa terão sobre a atividade.

"Tendo em vista tais incertezas, que além de significativas são indissociáveis dos cenários que orientam as decisões sobre a taxa de juros básica, a ação cautelosa da política monetária continuará sendo fundamental para aumentar a probabilidade de convergência da inflação para a trajetória de metas", disse o BC.

Para Tatiana Pinheiro, economista do ABN Amro, o discurso reforça a percepção de que o BC deverá manter o ritmo de cortes de 0,75 ponto percentuais.

"O relatório indica uma coisa que é básica, a ação da autoridade monetária...tem de ser gradual", afirmou Tatiana Pinheiro. "Como a Selic já está em um nível historicamente baixo, a gente está entrando em uma zona que daqui a pouco será de experimento, de sintonia fina, o que requer mais cautela."





Fonte: Reuters

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