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Nacional
Quinta - 30 de Março de 2006 às 21:04

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A tensão entre o Governo e a oposição subiu ainda mais hoje com a repercussão da leitura do relatório da CPI dos Correios, que pede o indiciamento dos ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken, e de vários integrantes da antiga direção do PT.

A base parlamentar do PT busca formas de impedir que, na próxima terça-feira, a CPI aprove um relatório que, em plena campanha eleitoral adiantada, pode levar à Justiça José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil, e Luiz Gushiken, ex-secretário de Comunicação com status de ministro e atual secretário do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

O volumoso documento lido na quarta-feira pelo relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), após nove meses de investigações, também pede o indiciamento da alta hierarquia da antiga direção do PT.

Considerando que o pleito acontecerá em 1º de outubro, um julgamento de muitos antigos companheiros de Lula é considerado um "perigo" para o presidente e possível candidato à reeleição, pois os processos começariam em meados do ano.

Além dos dirigentes do PT, o documento pede o indiciamento de aproximadamente 150 pessoas, entre elas 19 deputados e os publicitários Duda Mendonça, diretor da campanha de Lula em 2002, e Marcos Valério, suposto articular da rede de corrupção.

As acusações contra Dirceu e Gushiken são "absolutamente ilegais", pois não foram provados fatos de corrupção cometidos por eles, afirmou o deputado Henrique Fontana (RS), líder do PT na Câmara.

Para o deputado José Eduardo Cardozo (SP), um dos membros do PT na CPI, o relatório inclui "situações tecnicamente discutíveis" e "deve ser modificado para ser aprovado".

Em reunião realizada na presença do presidente do PT, o ex-ministro Ricardo Berzoini, a base aliada decidiu apresentar um relatório em separado, conhecido no jargão parlamentar como "texto substitutivo, como contraponto ao lido por Serraglio.

Entre os "indiciáveis" estão o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral Sílvio Pereira (Silvinho), todos do "círculo íntimo" de Lula até o ano passado.

Embora os oposicionistas tenham recebido o relatório com satisfação, alguns querem um texto mais duro com Lula, eximido pelo documento até mesmo de uma possível "omissão" no mensalão.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), disse que o relatório deve deixar claro que "Lula mentiu quando disse que o PT não subornava deputados, porque isso foi comprovado" na investigação.

O também tucano Alvaro Dias (PR) afirmou que o relatório relevou irregularidades na campanha que levou a Lula ao poder. Por isso, o presidente "deveria ser indiciado por atos ilícitos em sua campanha e pelo conjunto da corrupção em seu Governo", afirmou.

Com esse clima, governistas e oposicionistas se reunirão na terça-feira na CPI para discutir o relatório, que, caso seja aprovado, será entregue à Justiça para que esta entre em ação imediatamente.

Mas isso não porá fim às dores de cabeça do PT e de Lula.

Na própria terça, o plenário da Câmara pode cassar o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que presidiu a casa durante os primeiros dois anos do Governo Lula e é acusado de participação no mensalão.

Em outra frente, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foi intimado pela Polícia Federal a depor amanhã no inquérito sobre a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa.

Entretanto, segundo a Agência Brasil, a assessoria de imprensa da Polícia Federal disse que advogados do ex-ministro entraram em contato com o delegado responsável pelo inquérito para dizer que Palocci pode não comparecer devido a problemas de saúde.





Fonte: EFE

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