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Internacional
Quinta - 23 de Março de 2006 às 13:22
Por: Julia Hayley

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Foi com um misto de esperança e ceticismo que a Espanha recebeu a declaração de cessar-fogo do grupo separatista ETA, e o governo indicou na quinta-feira que reagirá de forma lenta e cautelosa à trégua.

A administração do premiê José Luis Rodríguez Zapatero disse que pretende se reunir na semana que vem com os partidos da oposição para tomar decisões sobre os próximos passos. Zapatero não disse quando começaria a negociar com o ETA.

Segundo o ministro da Justiça, Juan Fernando Lopez Aguilar, a trégua não vai mudar o tratamento dado aos guerrilheiros nos tribunais do país.

O jornal pró-governo El País elogiou a declaração do cessar-fogo permanente, chamando-a de uma "oportunidade sem precedentes", mas outros analistas afirmaram que ela pode representar uma esperança falsa.

"O ETA está claramente mantendo seus objetivos, mas tentando alcançá-los por meio de uma trégua", disse o jornal ABC, de direita.

Há quem diga que o governo deveria exigir que o ETA (Pátria Basca e Liberdade) entregasse suas armas e abrisse mão de meios de intimidação antes de dar início a negociações.

"Esse anúncio tem de significar o fim de todos os ataques e ameaças", disse o grupo Anistia Internacional, num comunicado.

Numa nota liberada na quinta-feira, o ETA disse que quer "diálogo, negociação e acordo", mas muitos vêem a afirmação com desconfiança, já que o grupo separatista basco já rompeu tréguas no passado.

As ameaças do ETA já duram mais de 40 anos, durante os quais quase 850 políticos, policiais e outros foram mortos.

O ETA, que já lutou contra o ditador Francisco Franco, luta pela criação de um Estado independente na fronteira franco-espanhola, mas vinha perdendo apoio. A campanha violenta do grupo passou a ser ainda mais rejeitada após os ataques de março de 2004 contra os trens de Madri, que foram atribuídos a militantes islamitas, mas cujo grande número de vítimas (191) chocou os espanhóis, predispondo-os a condenar esse tipo de estratégia.

O Batasuna, visto como o braço político do ETA, conquistou apenas 10 por cento dos votos na região basca nas últimas eleições.

"O povo basco quer paz, acima de tudo", disse Gorka Landaburu, que perdeu três dedos e um olho ao abrir uma carta-bomba do ETA em 2001.

Analistas ligaram a trégua às medidas do governo para aumentar o poder da Catalunha. Na terça-feira, o Congresso aprovou um novo estatuto para a região, reconhecendo-a como uma "nação" dentro da Espanha — uma terminologia que horroriza os nacionalistas, que a encaram como o primeiro passo para a desintegração do país.

"O fato de reconhecer a Calalunha como nação significa que o País Basco também pode ser uma", disse um comentarista da rádio católica Cope.





Fonte: Reuters

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