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Agronegócios
Quinta - 23 de Março de 2006 às 13:18

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São Paulo, 23 - O desenrolar das negociações agrícolas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), o potencial de crescimento da produção brasileira de etanol e de bicombustíveis, além da produção de soja, são os principais temas das conversas e visitas da delegação de congressistas norte-americanos que está nesta semana Brasil. O grupo participou ontem (22) de reunião com representantes do setor produtivo e da indústria brasileira, na sede do prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

A missão é liderada pelo senador republicano Charles `Chuck' Grassley, presidente do Comitê de Finanças do Senado e árduo defensor da Farm Bill. O senador, que também é agricultor no estado de Iowa, minimizou os subsídios concedidos pelo governo norte-americano ao setor agrícola, considerando-os "um estímulo que o governo dá aos produtores".

Na opinião de Chuck Grassley, na próxima Farm Bill, que será votada em 2007, "os Estados Unidos devem gastar menos com agricultura por causa dos problemas orçamentários, de déficit registrado no país". Independente disso, ele afirma que o país respeitará as definições do acordo a ser fechado na OMC. Ao sair da reunião, em rápida conversa com a imprensa o senador afirmou que acha difícil que se chegue a um acordo até abril, prazo estipulado para a definição de um esboço de acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Marcos Jank, presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), que participou da reunião de ontem, considera que há duas razões para os impasses nas negociações com os EUA. "Primeiro, são os acordos bilaterais realizados pelos Estados Unidos. Em segundo lugar, está o aumento da pressão protecionista sobre o governo norte-americano".

Do lado brasileiro, foi cobrado um papel de liderança dos Estados Unidos, que em vez de prosseguir com a Área de Livre Comércio para as Américas (Alca) têm priorizado os acordos bilaterais. Sobre a Alca, o senador acredita que o andamento das negociações depende dos presidentes do Brasil e Venezuela, "que se reuniram e decidiram que não era bom negociar naqueles termos. Eu quero dizer: quem acredita em um maluco como Hugo Chávez? Ele é um outro Fidel Castro".

Os congressistas norte-americanos também mostraram interesse sobre a produção brasileira de etanol e dos carros flexfuel. Segundo Grassley, se considerarmos a lei em vigor, o Brasil ainda poderia exportar o produto para os EUA, apesar da tarifa de 54 cents de dólar por cada galão (4,55 litros) que entra no país. Para o senador, sem a tarifa, o produto brasileiro seria ainda mais competitivo e a indústria local importaria todo o etanol produzido no País, em detrimento da produção local (norte-americana). Atualmente, além do imposto cobrado, os EUA também taxam as importações brasileiras em 2,5%. As tarifas chegam a quase 50% do valor do etanol comercializado no país, que está em média US$ 1,20/galão.

O economista Roberto Gianetti da Fonseca, diretor do Departamento de Comércio Exterior da Fiesp, observou que ao ser questionado sobre a tarifa que o etanol brasileiro paga para entrar ao país, Grassely afirmou que "a tarifa é inegociável porque o etanol não é considerado um produto agrícola".

Segundo Gianetti, a reunião foi importante porque ofereceu instrumentos de decisão para futuras negociações. Ele lembra que o Brasil tem uma agenda complicada. "O País perdeu a oportunidade e agora o tempo se esgota rapidamente. O próximo presidente - seja ele de que partido for - terá muitos problemas para avançar nas negociações", afirma Gianetti. Ele diz isso por considerar que sem o Fast Trade Track, que vence em julho do próximo ano, será mais difícil negociar com os norte-americanos.

A missão de parlamentares norte-americanos deve ter outra rodada de conversas hoje sobre a questão dos biocombustíveis, durante visita à fábrica da General Motors localizada em São Caetano (SP), com a participação do presidente do Icone, Marco Jank. Da reunião de ontem participaram representantes da União da Agroindústria Canavieira (Unica) e Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), entre outras entidades.





Fonte: Agência Estado

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