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Politica Brasil
Segunda - 20 de Março de 2006 às 09:59
Por: Haroldo Assunção

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Por requerimento do deputado Humberto Bosaipo (PFL), a Assembléia Legislativa realiza sessão especial, amanhã (21), no plenário das Deliberações, às 9 horas, a fim de discutir a Campanha da Fraternidade deste ano, voltada aos deficientes físicos, sob o lema “Levanta-se e vem para o meio” – referência à passagem do Evangelho de São Marcos na qual é descrita a cura, feita por Jesus Cristo, de um homem que tinha a mão atrofiada.

“A Campanha da Fraternidade deste ano traz ao centro de nossa atenção as pessoas com deficiência, que são freqüentemente vítimas de preconceitos e discriminação, sobretudo numa tendência cultural que privilegia os fortes e saudáveis, os belos e fisicamente perfeitos, enquanto marginaliza e até exclui os que têm menos capacidade de se afirmar sozinhos e de competir com os outros”, argumentou Bosaipo ao apresentar o requerimento em Plenário.

“Desta forma, a Campanha da Fraternidade é ocasião para grande tomada de consciência sobre as condições geralmente difíceis das pessoas com deficiência e para desencadear muitas iniciativas de efetiva inclusão delas”, acrescentou o parlamentar.

Em setembro do ano passado, por iniciativa do parlamentar, a Casa realizou audiência pública justamente para debater meios de inclusão social para essas pessoas. A audiência foi realizada no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT) e culminou com a aprovação de propostas que foram remetidas aos órgãos responsáveis, entre eles governo do Estado e prefeituras, assim como para todos os deputados estaduais.

Na ocasião, o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiências da OAB, Carlos Batista Teles, dos 287 mil portadores de necessidades especiais aptos ao mercado de trabalho apenas 1.200 têm emprego. “Faltam mecanismos para ligar o deficiente aos acessos abertos pelas leis, e para isso é urgente necessidade de criação do Conselho Estadual de Defesa dos Deficientes em Mato Grosso” assinalou.

ECUMENISMO – Da mesma forma, a Campanha da Fraternidade, ao longo dos anos tem sido objeto da atenção por parte da Assembléia Legislativa, que sempre tem trazido à discussão com a sociedade mato-grossense os temas defendidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“É ótima a iniciativa do Poder Legislativo, que há vários anos tem nos apoiado; este ano, vamos procurar que a sociedade enxergue o preconceito e a discriminação que sofrem os deficientes em seu dia-a-dia”, ressaltou o coordenador da Campanha da Fraternidade em Mato Grosso, Luís Lopes. Para Lopes, é importante a participação da Casa, na medida em que fortalece as reivindicações para que as leis voltadas aos deficientes sejam cumpridas, “assim como oportuniza novas proposições em benefício deles”.

O coordenador também elogiou o requerimento do deputado Humberto Bosaipo, que pertence à Assembléia de Deus. “Embora seja uma iniciativa da Igreja Católica, a principal característica da Campanha da Fraternidade é o ecumenismo; buscamos somar esforços de todas as igrejas em favor daqueles que necessitam”, assinalou Lopes. HISTÓRIA - A Campanha da Fraternidade surgiu durante o desenvolvimento do Concílio Vaticano II.

O primeiro documento conciliar aprovado foi sobre a Liturgia. O documento Lumen Gentium, constituição dogmática, sobre a Igreja - sua natureza e sua missão evangelizadora - foi também dos primeiros documentos refletidos e aprovados pelo Concílio. O documento Gaudium et Spes, constituição pastoral, sobre a Igreja no mundo de hoje - sua presença transformadora , surgiu de um discurso do Cardeal Suenens no final da primeira sessão. Foi aprovado no final do Concílio.

No ano de 1961, em nosso país, três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição e torná-la autônoma financeiramente.

A atividade foi chamada Campanha da Fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em Natal (RN), com adesão de outras três Dioceses e apoio financeiro dos Bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 Dioceses do Nordeste realizaram a campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares no Brasil, realizado à luz e na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral (Evangelizadora) da Igreja em nosso País.

Em seu início, teve destacada atuação o Secretariado Nacional de Ação Social da CNBB, sob cuja dependência estava a Cáritas Brasileira, que fora fundada no Brasil em 1957. Na época, o responsável pelo Secretariado de Ação Social era Dom Eugênio de Araújo Sales, e por isso, Presidente da Cáritas Brasileira. O fato de ser Administrador Apostólico de Natal-RN explica que a Campanha tenha iniciado naquela circunscrição eclesiástica e em todo o Rio Grande do Norte.

Este projeto foi lançado, em nível nacional, no dia 26 de dezembro de 1963, sob o impulso renovador do espírito do Concílio Vaticano II, em andamento na época, e realizado pela primeira vez na quaresma de 1964. O tempo do Concílio foi fundamental para a concepção e estruturação da Campanha da Fraternidade, bem como o Plano Pastoral de Emergência e o Plano de Pastoral de Conjunto, enfim, para o desencadeamento da Pastoral Orgânica e outras iniciativas de renovação eclesial.

Ao longo de quatro anos seguidos, por um período extenso em cada um, os Bispos ficaram hospedados na mesma casa, em Roma, participando das sessões do Concílio e de diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse contexto, nasceu e cresceu a Campanha da Fraternidade.

Em 20 de dezembro de 1964, os Bispos aprovaram o fundamento inicial da mesma intitulado: "Campanha da Fraternidade - Pontos Fundamentais apreciados pelo Episcopado em Roma". Em 1965, tanto Cáritas quanto Campanha da Fraternidade, que estavam vinculadas ao Secretariado Nacional de Ação Social, foram vinculadas diretamente ao Secretariado Geral da CNBB.

A CNBB passou a assumir a Campanha. Em 1967, começou a ser redigido um subsídio maior que os anteriores para a organização anual da Campanha. Nesse mesmo ano iniciaram também os encontros nacionais das Coordenações Nacional e Regionais. A partir de 1971, participam deles também a Presidência e a Comissão Episcopal de Pastoral.

Em 1970, a Campanha da Fraternidade ganhou um especial e significativo apoio: a mensagem do Papa em rádio e televisão em sua abertura, na quarta-feira de cinzas. De 1963 até hoje, a Campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização desenvolvida num determinado tempo (quaresma), para ajudar os cristãos e as pessoas de boa vontade a viverem a fraternidade em compromissos concretos no processo de transformação da sociedade a partir de um problema específico que exige a participação de todos na sua solução.

A Campanha é grande instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão, renovação interior e ação comunitária como a verdadeira penitência que Deus quer de nós em preparação da Páscoa. É momento de conversão, de prática de gestos concretos de fraternidade, de exercício de pastoral de conjunto em prol da transformação de situações injustas e não cristãs. É precioso meio para a evangelização do tempo quaresmal, retomando a pregação dos profetas confirmada por Cristo, segundo a qual a verdadeira penitência que agrada a Deus é repartir o pão com quem tem fome, dar de vestir ao maltrapilho, libertar os oprimidos, promover a todos.

A Campanha da Fraternidade tornou-se especial manifestação de evangelização libertadora, provocando, ao mesmo tempo, a renovação da vida da Igreja e a transformação da sociedade, a partir de problemas específicos, tratados à luz do Projeto de Deus. É realizada durante a quaresma e para aprofundar o espírito quaresmal. É um meio a serviço da evangelização em vista de novas relações fraternas, de compromisso com a justiça social. Não é a quaresma que realiza a Campanha da Fraternidade.

A reflexão da temática da Campanha da Fraternidade, por outro lado, não pode ficar restrita aos momentos litúrgicos. A promoção e a vivência da Campanha devem acontecer também na catequese, nos encontros de grupos de famílias, nos meios de comunicação social, em mesas-redondas, em palestras, seminários e cursos.

Naturalmente, as celebrações litúrgicas - não só a celebração eucarística - são momentos privilegiados para repercutir o que as pessoas e os grupos aprofundaram sobre a Campanha e ao mesmo tempo para iluminar e desencadear os passos seguintes. Desta forma, a Campanha da Fraternidade não é algo paralelo à quaresma, nem algo que a relega a segundo plano. Ela é um modo criativo de a Igreja no Brasil celebrar a quaresma em preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma dimensão histórica, humana, encarnada, comprometida com a caminhada libertadora de nosso povo na Páscoa do Senhor.





Fonte: Da Assessoria AL

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