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Agronegócios
Segunda - 20 de Março de 2006 às 08:00

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A sojicultura 05/06 de Mato Grosso deverá contabilizar perdas de cerca de 600 mil toneladas (t) nesta safra, se comparada ao resultado de produtividade obtido na safra passada. Com 50% da área plantada colhida, os números indicam que neste ciclo a média estadual ficará em 46,5 sacas por hectare (ha), contra as 48 sacas/ha da safra 04/05. Esse rendimento será o pior em quase uma década. Volume abaixo disso só foi contabilizado em 1997, quando a produtividade foi de 45,8 sacas/ha.

“São duas sacas a menos por hectare, comparando este ciclo com o ciclo passado e que no volume total indicam perdas de 600 mil/t”, aponta o analista de mercado da AgRural, em Cuiabá, Seneri Paludo. Por mais um ano, a média estadual de 50 sacas não será alcançada.

Ele observa que se a comparação levar em conta a expectativa de produtividade que havia para esta safra, de um rendimento de 49 sacas/ha, as perdas chegam a 1 milhão/t. A safra mato-grossense de soja contabiliza 5,9 milhões/ha e a produção está estimada em 16,4 milhões/t. Conforme números apurados pela AgRural, a soja estadual revela perdas de 6% na produção – sai de 17,5 milhões/t para atuais 16,4 milhões/t – resultado da redução de 3% na produtividade e de 3% na área plantada.

Paludo prefere não transformar as perdas em cifras, sejam e reais ou dólar, por acreditar que o resultado não será fiel à realidade. “Em cada região a saca tem um preço, tem produtor que obteve uma cotação no mercado futuro melhor, outros não. Por isso é melhor não fazer este tipo de alarde”, justifica.

Em 2000, o Estado atingiu produtividade de 52 sacas/ha com o rendimento de 3,1 mil quilos/ha. “Desde 01/02, Mato Grosso não colhe - como saldo de todas as regiões - mais que 50 sacas/ha”. Paludo observa que a média estadual não atinge mais 50 sacas/ha porque até a safra 01/02 não havia a ocorrência da ferrugem asiática no Estado. Outro fator a considerar é que desta safra em diante, a cultura começou a se expandir para áreas consideradas de maior risco, por serem mais arenosas”.

O analista avisa: “2006 será pior que 2005. Nesta safra tudo está acontecendo ao mesmo tempo. Baixa produtividade, preço da saca menor em função da ferrugem, custo de produção alto, ferrugem em grande incidência, câmbio desvalorizado frente ao real e alto custo logístico”.

A SITUAÇÃO - O analista destaca que em algumas lavouras do Médio Norte existe rendimento acima de 50 sacas/ha, “mas este volume está cada vez mais raro de ser observado nesta safra. É justamente graças a boa média desta região, que a média estadual não está pior”, adverte.

Na região do Parecis, que engloba municípios como Sapezal e Campo Novo do Parecis, está localizada a situação mais crítica deste ciclo, segundo Paludo. A média que era, até a safra passada 50 sacas/ha, deve atingir 45 sacas/ha. As lavouras enfrentam problemas com a chuva durante a colheita e os grãos extraídos estão ardidos, característica que deprecia a cotação do produto.

“Desde o início da lavoura, a soja do Parecis enfrenta dificuldades no desenvolvimento. Entre dezembro e janeiro com o tempo nublado, reduziu-se a luminosidade sobre as plantas e isso afetou o desenvolvimento dos grãos. Depois disso, houve duas semanas de seca e agora tem chuva em abundância”, explica Paludo.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Rui Otoni Prado, que tem lavoura em Campo Novo do Parecis (397 quilômetros ao Noroeste de Cuiabá), confirmas as intempéries climáticas, mas acredita que os resultados poderão ser piores, com rendimento de 43 sacas. No município estão cultivados 290 mil/ha.

Ao Sul de Mato Grosso, a situação está melhor, se comparada ao ano passado. “Há um ganho de cerca de 10% no rendimento se comparado ao ano passado”. Com a seca que atingiu vários municípios do Sul de Mato Grosso na safra passada, a média da região ficou em 40 sacas/ha, destacando que houve local com menos de 30 sacas/ha. “Enquanto que no ciclo passado o rendimento médio não passou de 40 sacas/ha, neste ano deverá ficar entre 44 e 45 sacas/ha. Nesta safra a região vai colher mais, não é o ideal, mas fica 10% acima do registrado em 2005”.

O presidente do Sindicato Rural de Campo Verde (139 quilômetros ao Centro Leste de Cuiabá), Jairo Dezordi, diz que a expectativa do Sindicato é de que a média do município – que no ano passado foi de 43 sacas/ha – fique neste ciclo entre 42 sacas e 45 sacas.





Fonte: Diário de Cuiabá

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