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Politica Brasil
Sábado - 11 de Março de 2006 às 10:03

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Um integrante da cúpula do PSDB informou a dirigentes do PFL que, concluída a rodada de negociações desta sexta-feira, a vaga de presidenciável oficial do tucanato está bem mais próxima de Geraldo Alckmin do que de José Serra. A movimentação tucana operou uma mudança no discurso do PFL. Agora, o partido já admite coligar-se com o PSDB mesmo que o candidato seja Alckmin.

O prefeito do Rio, Cesar Maia, pré-candidato do PFL à presidência, dizia que só renunciaria à sua postulação em favor de Serra. Maia mudou de idéia. Nesta sexta-feira, ele travou com o blog o seguinte diálogo:

-- Se o PSDB optar por Alckmin o sr. criará empecilhos?

-- Imagina, de jeito nenhum. A gente quer ganhar a eleição, com Serra ou com Alckmin (...). Com o Serra, o PFL caminharia para indicar o vice na chapa do PSDB com entusiasmo. Com o Alckmin, vamos caminhar compulsoriamente.

Ao conceder a entrevista ao blog, Cesar Maia disse que não dispunha de informações sobre o resultado das reuniões do tucanato em São Paulo. Afirmou, porém, que vem mantendo contato com pessoas vinculadas a Serra. E observou um refluxo no ânimo do prefeito. "O Serra vinha trabalhando essa questão como se a coisa estivesse definida. Ao perceber que não estava, isso teve efeitos sobre sua auto-estima", avaliou Maia.

Em diálogo que mantivera com o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, na última terça-feira, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), maior entusiasta da candidatura Alckmin entre os pefelistas, já havia sinalizado que a pré-candidatura de Cesar Maia não constituiria problema. ACM assegurou a Tasso que o PFL se coligará ao PSDB qualquer que seja o candidato tucano.

Cesar Maia continua achando que Serra tem mais chances de derrotar Lula. Avalia que, com Alckmin, a oposição corre o risco de ser batida no primeiro turno da eleição ou de passar ao segundo turno em posição muito desvantajosa. Na sua opinião, o governador entra na disputa sem ter realizado uma pré-campanha. Algo que não seria necessário no caso de Serra, beneficiado pela exposição que teve como candidato à presidência em 2002.

Seja como for, Maia não está mais disposto a levar adiante a própria candidatura. Concluiu que a perspectiva de manutenção da regra da verticalização reduziu a margem de manobra do PFL, forçando a coligação com o PSDB. Adianta-se assim, a um encontro que terá no final de março com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen. A reunião foi marcada justamente para que Maia e Bornhausen, à luz da conjuntura, decidissem se a candidatura própria do PFL seria ou não mantida.

No início da noite desta sexta-feira, Alckmin considerava-se mais próximo do que nunca da candidatura à presidência. Avaliava que sua estratégia de levar a questão a ferro e fogo dera resultados. Em contato telefônico com um deputado do seu grupo, recomendou, porém, prudência. Como que receoso de uma mudança nos ventos, disse que não queria ninguém festejando antes da definição final, marcada para terça-feira.

O governador informou ao aliado detalhes da conversa que tivera horas antes com o triunvirado tucano, composto por Fernando Henrique Cardoso, Tassou Jereissati e Aécio Neves. Reafirmou aos três o que dissera ao próprio Serra em reunião reservada ocorrida na véspera. Ele disse:

1. Se Serra quiser permanecer na prefeitura, terá a primazia na escolha do candidato tucano ao governo de São Paulo;

2. Se quiser disputar, ele próprio, a cadeira de governador do Estado, terá em Alckmin um forte aliado;

3. se preferir disputar a presidência, Alckmin se dispõe a aceitar os critérios de disputa que o partido fixar. “Se o Serra vencer, serei o seu cabo eleitoral mais entusiasta”, disse o governador.

Sobre a conversa de Serra com o triunvirato, sabe-se pouco. O prefeito conversou com um grupo restrito de pessoas. Pediu sigilo aos interlocutores. O que se sabe é aquilo que um dos integrantes do triunvirato repassou ao PFL.

Embora não tenha fechado as portas para a disputa com Alckmin, Serra não teria demonstrado entusiasmo. Avalia que, para concorrer, teria de receber um chamamento do partido. Analisa a hipótese de concorrer ao governo de São Paulo. Mas, também não teria sido peremptório quanto a isso.

A julgar pelo que disse Tasso Jereissati à saída do encontro com Serra, a cúpula do PSDB não trabalha com a possibilidade de que haja uma disputa formal entre o prefeito e o governador. Segundo Tasso, seriam consultados no final de semana, em caráter informal, os governadores do partido.

Falando em nome da cúpula, Aécio Neves já havia auscultado os governadores há cerca de 20 dias. Constatou que a maioria prefere Alckmin a Serra. Nos diálogos que manteve com lideranças do PFL, a cúpula tucana não fechou as portas para uma eventual reviravolta pró-Serra até terça-feira. Mas indicou que considera que as chances de isso ocorrer são pequenas. Dependeria de uma disposição de disputa que o prefeito não teria demonstrado de maneira cabal.





Fonte: Folha de S.Paulo

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