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Quarta - 08 de Março de 2006 às 22:55
Por: Claudia Parsons

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O racismo em Los Angeles é um tema quente após a vitória de "Crash — No Limite" no Oscar. O assunto está de volta ao cinema esta semana, com "Pergunte ao Pó", filme estrelado por Salma Hayek, que já travou suas batalhas próprias contra o preconceito em Hollywood.

Baseado no romance cult homônimo de John Fante, o filme traz Colin Farrell no papel de Arturo Bandini, um escritor principiante ítalo-americano em Los Angeles, na década de 1930, que se apaixona a contragosto por uma garçonete mexicana analfabeta representada pela atriz mexicana Hayek.

"Estamos falando de uma época em que havia placas de ''proibida a entrada de mexicanos e animais"'', disse Hayek à Reuters em entrevista, recordando uma placa fixada no hotel barato em que o personagem de Farrell se hospeda no filme.

"Tínhamos os mesmos direitos que os animais, ou talvez nem sequer isso", disse ela em Nova York, antes da estréia do filme, na sexta.

O diretor Robert Towne, que recebeu um Oscar pelo roteiro de "Chinatown", disse que se apaixonou pelo livro de Fante 30 anos atrás.

Ele visualizava o papel principal sendo feito por Al Pacino, mas passou-se tempo demais para isso ser possível. Agora Towne fica feliz por não ter feito o filme naquela época, porque não consegue imaginar ninguém representando o papel da garçonete Camilla Lopez melhor do que Salma Hayek.

"Trata-se de uma combinação rara: uma mulher que tem autoconfiança sexual, que tem autoconfiança de modo geral, mas que compreende muito bem e já sofreu na pele a discriminação historicamente imposta aos mexicanos", disse o cineasta.

Towne, que também assinou a adaptação do romance para a tela, disse que Hayek recusou o papel quando ele primeiro o ofereceu a ela, oito ou nove anos atrás, por temer que ela seria relegada sempre ao mesmo tipo de papel.

Ele se recorda de a atriz lhe dizer: "Não consigo arrumar trabalho num filme de ficção científica porque me dizem que não existem mexicanos no espaço."

Quase uma década depois, e após ser indicada ao Oscar pelo papel da artista mexicana Frida Kahlo em "Frida", de 2002, Hayek mudou de idéia.

LOS ANGELES NO PASSADO

Produzido por Tom Cruise, o filme tem um elenco estelar que inclui Donald Sutherland e pinta um retrato sombrio da Los Angeles da época da Grande Depressão, algo que pode agradar aos nostálgicos. As críticas têm sido variadas.

A Variety disse: "Hayek está em plena flor no papel de Camilla."

"Sexy, mordaz e sensual, Salma Hayek não tem dificuldade em roubar a cena", escreveu o The New York Observer, apesar de tachar o filme de "longo demais, destituído de trama e ocioso" e dizer que assistir a ele é "uma verdadeira provação".

Depois de fazer sucesso na televisão mexicana, Hayek, aos 39 anos, se firmou como nome vendável em Hollywood, mas ela conta que, quando primeiro chegou aos EUA, ouviu constantemente que ninguém queria ouvir sotaques estrangeiros no cinema.

"Eles não tinham percebido que existem 38 milhões de latinos nos Estados Unidos e que esse é um mercado importante", disse ela.

"Eu não levei a coisa pessoalmente", disse a atriz. "É verdade que durante cinco minutos eu falei ''isso é puro racismo'', mas, na realidade, é falta de informação."

Hayek parece ter comprovado o erro de quem duvidou dela. Ela será vista ainda este ano ao lado da atriz espanhola Penelope Cruz em "Bandidas", sobre duas assaltantes de banco mexicanas.

Ela já dirigiu um filme pequeno e agora quer escrever e dirigir filmes maiores. Ela conta que está escrevendo um roteiro para um filme sobre música clássica, que espera dirigir.

"Mostrei 15 páginas do roteiro a Jamie Foxx, e ele quer fazer o filme", ela comentou. "Agora só me falta terminar o roteiro."





Fonte: Reuters

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