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Cidades/Geral
Quarta - 08 de Março de 2006 às 09:29
Por: Alecy Alves

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O município de Cuiabá tem 1.853 mulheres que já atingiram ou passaram dos 80 anos de idade, 600 a mais que a população masculina da mesma faixa etária. É nesta faixa que está a maior diferença entre homens e mulheres, cerca de 48% a mais de representantes do sexo feminino.

A ex-parteira Aureliana Henriqueta de Lima Soares, 91 anos, “Leriana”, como gosta de ser chamada, faz parte dessa comunidade restrita e privilegiada. Viúva, mãe de sete filhos e com outros 64 descendentes diretos, 23 netos e 41 bisnetos, dona “Leriana” é um exemplo de bom humor, disposição e fé.

Cuiabana de “chapa e cruz”, como se auto-define, ela ainda se recorda com detalhes a dura rotina que enfrentou durante décadas para criar os filhos. Às vezes na cozinha, até fora de Cuiabá em regiões de garimpo, como a temporada que viveu em Poxoréo, outras à margem de rio lavando roupas, era como se desdobrava para garantir o sustento da família.

“Eu levantava às 4 horas, preparava o almoço das crianças e depois seguia a pé, com uma bacia de roupas sobre a cabeça, até o rio Coxipó”, recorda. Lá a mais de 7 quilômetros de onde ela mora até hoje (no bairro Lixeira), passava o dia lavando roupas. Somente retornava no final da tarde.

Hoje, dona “Leriana” admite que o percurso era longo, mas observa que as vezes, na volta para casa, ela e outras amigas pegavam carona nos caminhões caçamba do antigo DNER (extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, atual DNIT), ou do antigo 16ºBC (atual 44ºBatalhão do Exército).

A exemplo da mãe, Micaela Henrique de Souza Lima, que fez centenas de partos em Cuiabá, dona “Leriana” perdeu as contas de quantas crianças aparou. Muitas vezes, mãe e filha faziam partos simultaneamente. “Enquanto ela fazia um, eu estava em outra casa atendendo outra mulher”.

A violência que habitualmente testemunha pela televisão e que viu de perto recentemente, com o ladrão que invadiu o quintal de sua casa durante perseguição policial, também é motivo de lamentação para a ex-parteira.

Entretanto, ela diz que tem muito mais motivos para se orgulhar do que reclamar. “Tenho orgulho da minha mãe, uma mulher simples que só fez o bem. Também me orgulho muito dos meus filhos”, completa.





Fonte: Diário de Cuiabá

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