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Politica Brasil
Quarta - 08 de Março de 2006 às 09:13
Por: Adriana Vandoni

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Se tem uma coisa que eu não agüento mais e acredito que nenhuma mulher agüente, é a tal da luta pelos direitos da mulher. Luta contra o preconceito à mulher. Essas baboseiras que viraram bandeiras políticas, nada mais que isso. A violência, o preconceito, a discriminação e outros comportamentos negativos existem independente do gênero.

A luta está errada. Foi-se o tempo que para exercer uma profissão era preciso autorização do pai ou do marido, ou era preciso queimar soutiens em praça pública. Isso acabou e algumas brasileiras se esqueceram de virar a página.

O que falta à mulher é ambição e percepção do mundo. Se tempo atrás a sociedade a oprimia, hoje, essas campanhas e caminhadas e manifestações e o diabo a quatro, só fazem é entranhar nas menos esclarecidas que o mundo não as aceita e que para mudar a sua condição, é preciso que esta ou aquela representante brigue por ela. Bravata das maiores. Mesmo que haja o fim da violência doméstica (que existe desde que o mundo é mundo), mesmo que haja equiparação salarial ou outra coisa qualquer que alegam ser discriminatório, o que falta é educação.

O que adianta chegar em um bairro pobre de qualquer periferia deste país e dizer para as mulheres que elas são umas coitadas porque são mulheres. São coitadas sim, como também são os homens, as crianças e os adolescentes que não têm acesso a uma educação de qualidade, que não têm oportunidade de trabalho digno. É mais barato e rentável eleitoralmente, manter uma camada de sub-pessoas que recebem esmolas como se fosse um grande feito. Isso sim, agride e mutila mais que qualquer agressão física que possa ser cometida contra uma mulher.

No lugar de campanhas de auto-piedade, seria muito melhor se fossem feitas campanhas de encorajamento, de auto-reconhecimento. Pô, se eu pegar uma mulher e ficar o tempo todo enfiando na cabeça dela que ela é discriminada, ela é agredida por ser mulher, que o homem não a deixa sobressair, ela vai se ver nessa condição. Vamos experimentar pegá-la e educá-la. Vamos validá-la como ser humano. Não as colocar em uma subclasse que precisa de cotas em partidos políticos, ou em repartições públicas. Isso é humilhante.

Lula criou uma tal Secretaria de Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. O que ela faz? Festas, comemorações, homenagens e discursos inflamados reafirmando as diferenças entre gêneros. Se ainda estivessem falando das diferenças anatômicas, até entenderia os milhões já gastos.

Não quero e acredito que nenhuma mulher quer ser igual ao homem. Seria muito chato! Temos nossas diferenças que não serão apagadas com discursos demagogos. E tem mais, temos sim menos neurônios que os homens, 4 bilhões a menos. E daí? E daí que nós mulheres temos 13% a mais de sinapse que os homens. O que significa isso? Que nossos neurônios são todos conectados uns aos outros e dos homens, apesar de ser em maior quantidade, são soltinhos e devem ficar trombando uns nos outros. Isso faz com que a mulher consiga ver o mundo holisticamente. Conseguimos exercer nossas profissões, administrar a casa, os filhos e seus problemas. Avaliamos dezenas de variáveis simultaneamente. Nossas decisões são viscerais, nossas intuições são acertadas. Isso é inerente à mulher. Umas conseguem desenvolver e tirar proveito dessas diferenças biológicas, outras consomem suas vidas lamentando o fato de serem diferentes. Oras, a única vantagem que vejo no homem é fazer xixi em pé.

Adoro minha condição de mulher, não me recrimino das opções que fiz e das oportunidades que recusei em prol da criação dos meus filhos e nem por isso deixei de ser um Ser pensante.

Posso não saber trocar o pneu de carro, nem quero aprender, pois quebra as unhas. Posso não agüentar carregar compras pesadas, na verdade até consigo, mas faço cara de abajur de porcelana e logo aparece um homem pra carregar. Posso não saber estacionar, ser barbeira, eu assumo, meu negócio é dirigir pra frente. Sempre fui uma desorientada espacial, se alguém diz: vire a direita. Meu primeiro impulso é virar a esquerda e vice-versa, se entro em um shopping nunca consigo sair pelo mesmo lugar. Posso chorar com uma novela, ficar deprê com os dramas dos outros ou por relatos de um livro. E com a mesma coragem que choro, me emociono e me sensibilizo, posso encarar pressões, ameaças, insinuações ou qualquer outra coisa, sem medo e sem me achar inferior.

Posso tudo isso, afinal, sou mulher. Não é uma maravilha?

Adriana Vandoni é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas / RJ. Articulista do Jornal A Gazeta Cuiabá / MT. E-mail: avandoni@uol.com.br





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