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Internacional
Sábado - 04 de Março de 2006 às 08:34

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, foi criticado hoje por ativistas contrários à guerra no Iraque por dizer que Deus será o último a julgar seu apoio à invasão do país árabe em 2003.

"A decisão (de ir à guerra) devia ser tomada e vai me acompanhar para o resto da vida. Você acaba sendo julgado, mas, se você tem fé, percebe que quem julga é outra pessoa", disse Blair em entrevista que será exibida hoje à noite pela emissora de TV britânica "ITV".

Quando questionado por Michael Parkinson, um apresentador muito famoso no Reino Unido, sobre o que queria dizer com essa frase, o governante britânico respondeu: "Se você acredita em Deus, (o julgamento) é feito por Deus também".

O primeiro-ministro explicou que "a única maneira de tomar uma decisão como essa é tentar fazer o que é certo, de acordo com sua consciência, e deixar o resto para o julgamento da História".

O entrevistador perguntou ao chefe do Governo se reza ao tomar essas decisões, e Blair respondeu com um rápido "sim".

"Certamente, você luta com sua consciência, porque (a decisão) afeta a vida das pessoas e é uma dessas situações em que suponho que poucas pessoas gostariam de estar. No fim, é preciso fazer o que se acha correto", acrescentou o primeiro-ministro.

Após a divulgação do conteúdo da entrevista, Reg Keys, pai do soldado britânico Tom Keys, assassinado no Iraque em junho de 2003, classificou as palavras do primeiro-ministro de "detestáveis".

Segundo Keys, o chefe do Executivo britânico "usa Deus para fugir de um fracasso total", já que "Deus e a religião não têm nada a ver com esta guerra".

Em um tom parecido, Rose Gentle, cujo filho, Gordon, morreu em Basra (sul do Iraque) em 2004, se disse "muito contrariada" pelos comentários do governante trabalhista.

"Como pode dizer (Blair) que é cristão? Um bom cristão não apoiaria esta guerra", afirmou Gentle, membro do grupo "Famílias de Militares Contra a Guerra".

O deputado liberal-democrata Evan Harris, por sua vez, classificou as declarações do primeiro-ministro de "escandalosas".

"Nosso sistema político se baseia em decisões tomadas por políticos eleitos e responsáveis, não por seus deuses", completou Harris.





Fonte: EFE

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