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Meio Ambiente
Segunda - 20 de Fevereiro de 2006 às 09:45

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O crescente uso de microchips de identificação implantados no corpo humano, que servem tanto para o controle de funcionários como para ter acesso ao histórico médico de seus portadores, tem gerado polêmica nos Estados Unidos.

Várias associações de direitos civis protestaram contra o que consideram um passo adiante na invasão de privacidade dos trabalhadores, enquanto seus fabricantes insistem tratar-se de uma tecnologia avançada e de usos múltiplos.

A empresa de vídeo-vigilância Citywatcher.com, de Cincinnati, nos EUA, é a primeira a utilizar os chips para controlar o acesso de seus empregados às áreas de segurança restritas da companhia.

Seu presidente, Sean Darks, disse à EFE como ele mesmo e dois de seus funcionários, que se apresentaram como voluntários, receberam um chip de silicone que tem o tamanho de um grão de arroz, é inserido dentro da pele e funciona como um cartão de acesso às áreas protegidas.

"A implantação dos chips foi e continuará sendo completamente voluntária, portanto não danifica em absoluto o aspecto privado de nossa vida. Para nós, é uma medida de segurança muito eficaz", defendeu Darks.

Os microchips foram criados pela empresa VeriChip, filial da Applied Digital Solutions, de Palm Beach (Flórida), que em outubro de 2004 recebeu o consentimento da Administração de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para comercializar o produto.

John Procter, porta-voz da VeriChip, explicou que a companhia trabalha fundamentalmente com duas aplicações desta tecnologia: a identificação, como no caso da Citywatcher.com, e a utilização em hospitais.

"É um aparelho muito útil em pacientes com dificuldades para se comunicar, como no caso de doentes de Alzheimer. Através de um scanner, é possível ter acesso a seu histórico médico", disse Procter.

A cápsula, que se insere sob a pele do braço ou sobre a mão através de uma seringa, contém um número de 16 dígitos que permite o acesso ao histórico médico do portador.

Este chip, segundo seus defensores, permitirá a hospitais, médicos e pacientes evitar erros ao fornecer informação precisa sobre cada paciente e sua condição de saúde.

Além dessas aplicações, Procter lembrou que a Secretaria de Justiça mexicana já utiliza esse tipo de tecnologia para identificar seus funcionários.

O chip também possui outros fins. Uma discoteca de Barcelona, por exemplo, utiliza esses chips em seus clientes VIP. Os dispositivos servem como identificação na entrada e para que possam pagar suas contas através de uma conta especial.

A empresa calcula que aproximadamente 200 pessoas no mundo todo já têm esses chips implantados em seu corpo.

Entretanto, essa tecnologia futurista, mais parecida com a literatura do escritor George Orwell, também provocou forte oposição.

Entre os que protestam, está o grupo "Profissionais da tecnologia pela responsabilidade social", uma ONG situada em Palo Alto, Califórnia, que ataca o que considera uma "péssima iniciativa".

Lisa Smith, integrante da ONG, disse à EFE que "só a idéia de ter algo implantado no corpo, que não se pode retirar, é uma invasão total de privacidade".

"Existem outras formas de identificação menos invasivas que também são adequadas, por mais voluntário que isto seja", disse Smith.

Esta ativista também fez uma reflexão sobre os caminhos opostos que a tecnologia toma. "Por um lado, as inovações permitem uma vulnerabilidade cada vez maior da privacidade, mas por outro, dão aos cidadãos mais ferramentas para poder defendê-la".

Tanto a VeriChip como a Citywatcher.com destacam o caráter voluntário dos implantes para rejeitar qualquer acusação.

Procter assegura que isso dá "mais discrição e mais segurança às companhias", enquanto Darks argumenta que jamais pediria a seus funcionários algo que ele mesmo não estivesse disposto a fazer.





Fonte: EFE

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