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Copa 2014
Terça - 08 de Janeiro de 2013 às 09:23
Por: Jardel P. Arruda

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A Secretária Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) pode até negar atrasos nas obras de mobilidade urbana em Cuiabá, mas quem mora outra trabalha nos arredores dessas obras estão bem menos otimistas. Na verdade, poucos deles acreditam na entrega de algumas dessas obras ainda em 2013 e mais: salientam o fato de algumas obras estarem com cara de abandono.

Quanto a hipótese do atraso, ela é sugerida principalmente por aqueles que já sentiram na própria carne o efeito de ter uma obra visando o mais evento esportivo do mundo bem no quintal de casa. Ou pior, na porta de entrada da loja de onde tira o sustento para o dia a dia.

Esse é o caso do empresário Reinaldo Soriano, dono de uma loja especializada em piscinas localizada exatamente em frente da obra da trincheira do Verdão/Santa Izabel, na avenida Miguel Sutil. O estabelecimento dele diminui as vendas pela metade desde o início das obras.

Devido à brusca diminuição de receita, o empresário se viu obrigado a diminuir o quadro de funcionários em 40%, o que causou oito demissões. Fora a redução de empregos indiretos. E se isso já parece ruim, pode piorar ainda mais devido aos novos prazos de entrega das obras.




Na primeira semana de 2013 a Secopa mudou o cronograma de entregas, adiando o prazo dessa trincheira, que de acordo com o primeiro prazo deveria estar pronta em março deste ano, mas agora vai ficar para Agosto. Cinco meses a mais de prejuízos.

“Mas isso ai não vai ficar pronto esse ano não. Basta olhar para a obra para saber. Qualquer leigo vê isso”, disse Reinaldo, durante um desabafo sobre o quanto a construção da trincheira tem o prejudicado. “Essas obras estão sendo tocadas com total incompetência”, completou.

Para o empresário, as obras parecem estar abandonadas, sempre com poucos funcionários trabalhando, água parada acumulada e até mato crescendo dentro das escavações. “Pode ir lá qualquer hora, você só vê uns gatos pingados trabalhando. E a água está parada, embolorada e com mosquito da dengue”.

De fato, em rápidas visitas às obras de mobilidade urbana da avenida Miguel Sutil foi possível notar a ausência de trabalhadores na maioria das obras. A única trincheira com certa movimentação era a do cruzamento com a avenida Mario Andreazza.

Além disso, em volta de cada obra haviam prédios comerciais com placas de aluga-se ou vende-se. O movimento dentro dos estabelecimentos ainda abertos era praticamente inexistente. Sem clientes por perto, e sem os operários trabalhando, o clima era de pequenos trechos de Cuiabá terem se tornados uma cidade fantasma.




A indignação de Reinaldo não é solitária. Outros empresários, daquela região e do entorno das outras obras de mobilidade urbana, também reclamam da queda de vendas, da poeira e falta da lentidão do ritmo de trabalho das obras.

Entre essas pessoas está Fernanda Müller, gerente de uma autoelétrica também na região do Verdão. Segundo ela, as vendas na porta praticamente zeraram. A loja tem sobrevivido apenas das encomendas. “Temos sorte de que a venda na porta não era nossa principal renda. Mas e para quem é?”, comentou.

Já a balconista Ana Rafaela, de uma loja de aviamentos que ficou praticamente bloqueada pela obra conhecida como “trincheirona” – a trincheira da Jurumirim – conta ter ficado no emprego apenas graças a solidariedade de um colega de serviço.

As vendas do estabelecimento caíram ao ponto de dois balconistas ser um excesso. Então o outro pediu para ser demitido no lugar dela quando soube que ela seria despedida, pois ela precisava mais do emprego. “Essa obra tem custado empregos de quem tem pouco dinheiro. Isso é injusto”, falou a balconista.




De acordo com o secretário Extraordinário da Copa do Mundo, Maurício Guimarães, nenhuma obra visando a Copa do Mundo de 2014 está atrasada. Segundo ele, a alteração no cronograma ocorreu porque o primeiro calendário fazia uma previsão de entregar as obras antes do prazo final.

O adiamento da finalização das obras ocorreu principalmente pela falta de mão de obra. No entanto, o secretário garante que está sendo elaborado um plano para atrair mais operários aos canteiros de obra da Copa de 2014.






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