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Politica Brasil
Quinta - 09 de Fevereiro de 2006 às 13:16
Por: Ana Maria de Souza

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A educação sempre foi pauta dos candidatos em tempos de campanhas eleitorais. Nos discursos de palanque quase todos firmam compromisso com a educação. Prometem investimentos para melhorar a qualidade do ensino e valorizar os profissionais da educação. Passadas as eleições, assume-se o poder e muda-se o discurso. Este agora se resume em falta de recursos financeiros para atendimento da demanda, de 1998 para cá passaram a usar a Lei de Responsabilidade Fiscal como justificativa para não cumprirem as promessas de campanha. Ainda mais quando se trata da educação de adultos. O atendimento a essa modalidade não é uma esmola que o poder público dá ao trabalhador, é sim, um direito constitucional e uma obrigação do Estado e Municípios. Pois se há esse déficit na educação é em razão de décadas de irresponsabilidade dos gestores públicos que antecederam os atuais, portanto é de responsabilidade de quem está no poder atender essa demanda.

No Município de Cuiabá, a educação de adultos é vista como algo supérfluo, desnecessário. Os gestores do Município ainda não sacaram que essa demanda vem crescendo ano após ano, não perceberam que a educação para o trabalhador além de ser um direito é também uma necessidade e desejo de quem foi excluído do processo formal no tempo adequado.

O trabalhador que também é eleitor está buscando cada vez mais a escola. Todos os anos o número de pessoas maiores de vinte e cinco anos (25) que procuram as escolas cresce, mas infelizmente um número muito pequeno chega ao final do ano letivo. O problema dá evasão escolar se dá em razão de não haver um currículo adequado que atende a necessidade do adulto trabalhador.

Mas os gestores públicos não estão preocupados em buscar solução através da investigação para detectar o problema e solucioná-lo. Resolvem o problema fechando as salas de aula onde oferece a educação de adultos. Isso é conveniente para quem está no poder, joga-se o lixo embaixo do tapete e o problema está resolvido. Por essa razão cresce a violência familiar, pois uma criança de onze anos (11) possui maior escolaridade do que o pai e a mãe. Os pais por falta de conhecimento se sentem impotentes diante dos filhos, perdendo assim o controle da situação. Nesse caso o diálogo é impossível, deixando margem para a violência.

Isso sem contar que um pai e uma mãe com escolaridade possuem condições conceituais e didáticas para ensinar seus filhos no trabalho escolar. É capaz de estabelecer um diálogo com a escola de maneira a contribuir com a qualidade do ensino, mesmo a escola não sendo democrática.

A pesquisa realizada com alunos-adultos da Universidade Popular Comunitária (UPC) mostrou que a educação deles ajuda na diminuição da repetência e a evasão escolar, consequentemente o impacto social é expressivo. Pois ameniza a violência nas comunidades, na escola e na família.

Os candidatos, a próxima eleição que estiverem atentos a essa questão ganhará muito, porque esse trabalhador é também eleitor. Ao contrario do que pensam os gestores, a classe subalterna não está mais tão passiva como antes. Estão preocupados em se organizar para conquistar as mudanças almejadas. Torres afirma que "nos Movimentos Sociais, aquele a quem poderíamos chamar de "educando" já traz dentro de si, como resultado de sua (s) carência (s), a necessidade de mudança".

Considerando o que a autora discorre, vejo que as mudanças passam primeiro pelo processo educacional, seja o formal ou não-formal. Por ser necessárias e urgentes as mudanças à educação de adultos não é uma modalidade descartável e supérflua. Mas um direito assegurado.

Ana Maria de Souza, Mestre em educação.




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