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Internacional
Quarta - 01 de Fevereiro de 2006 às 09:56

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Um escândalo de corrupção atingiu a Agência de Defesa japonesa e conteve os planos do Executivo de transformar esse órgão em um poderoso ministério, capaz de permitir ao Japão ter autênticas Forças Armadas. O titular de Defesa japonês, Fukushiro Nukaga, anunciou hoje a dissolução da Agência Administradora das Instalações de Defesa do Japão, na qual vários altos cargos concederam licenças de construção de sistemas de ar condicionado em troca de subornos.

Este órgão é subordinado à Agência de Defesa do Japão, da qual Nukaga é diretor-geral com categoria de ministro.

Mas, na realidade, essa instituição mantinha uma grande independência, já que, além das instalações militares japonesas, era responsável por tramitar a logística, concessão de terreno, construção e manutenção das bases americanas no país, tarefas que a cada ano movimentam centenas de milhões de dólares.

Em entrevista à rede de televisão "TBS", Nukaga reconheceu que o recebimento de subornos por altos funcionários do órgão "era algo sistemático".

Na segunda-feira, a Promotoria ordenou a detenção de Takayoshi Kawano, terceiro na hierarquia de direção da instituição, de seu antecessor no cargo, Mamoru Ikezawa, e de um alto funcionário do departamento, Takashige Matsuda.

Ikezawa era presidente da Fundação de Tecnologia das Instalações da Defesa, uma entidade pública envolvida no escândalo, cuja dissolução também foi anunciada por Nukaga.

Estes três executivos são acusados de crime de suborno por ter recebido dinheiro de várias empresas de Tóquio que assinaram contratos de construção de sistemas de ar condicionado para as instalações militares.

A Promotoria fez buscas nas empresas Shimizu, Penta-Ocean e Toa, supostamente envolvidas no escândalo de corrupção.

Segundo as primeiras investigações da Promotoria, a fundação presidida por Ikezawa permitiu que altos funcionários aposentados da Agência Administradora das Instalações de Defesa ocupassem postos de relevância nas empresas de construção que tinham cooperado com estas instituições estatais.

Os investigadores acreditam que o plano era conceder essas licenças de trabalho ou fornecimento de material a determinadas empresas, que mais tarde receberiam em seus conselhos de administração e outros órgãos os funcionários aposentados da agência.

Nukaga se comprometeu a resolver este escândalo de suborno de forma "transparente", mas se negou a apresentar sua renúncia. Este político assumiu o cargo em outubro, mas já tinha ocupado a direção da agência em 1998, quando renunciou devido a outro incidente semelhante.

O Governo japonês estuda a possibilidade de transformar a Agência de Defesa em um ministério, e uma das idéias propostas por Nukaga era fundir essa instituição com a Agência Administradora das Instalações de Defesa.

A imprensa opositora acusa o Governo de promover uma "militarização" progressiva no Japão através desta reforma ministerial, da proposta de dotar o país de autênticas Forças Armadas e das emendas que estão sendo feitas à atual Constituição pacifista japonesa, que data de 1947.

As críticas acrescentam que, com estas reformas, o Governo pretende controlar o lucrativo negócio em torno das instalações militares dos EUA e não deixar escapar as oportunidades empresariais que seriam abertas pela conversão das atuais Forças de Autodefesa do Japão em um Exército nacional.

No entanto, a imprensa ressalta que o desaparecimento da agência devido ao escândalo e as dúvidas criadas sobre a instituição dirigida por Nukaga frearão esses planos de criação do ministério, até serem esclarecidas todas as relações entre militares e empresários.




Fonte: EFE

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