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Nacional
Segunda - 30 de Janeiro de 2006 às 23:25

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Uma delegação de Brasília chegou nesta segunda-feira a Londres para pressionar no caso Jean Charles Menezes, o brasileiro assassinado por engano pela polícia britânica, ao mesmo tempo em que o chefe da Scotland Yard, Ian Blair, admitia que sua equipe cometeu um "grave erro" ao esconder a verdade sobre o caso.

A delegação do governo brasileiro se reunirá com autoridades britânicas para pedir esclarecimentos sobre o assassinato do jovem brasileiro, morto com sete tiros na cabeça no último dia 22 de julho em uma estação de metrô do sul Londres, informou a embaixada do Brasil na capital britânica.

A delegação, da qual participa o subprocurador-geral da República, Wagner Gonçalves, e o embaixador Manoel Gomes Pereira, diretor do departamento da chancelaria para as Comunidades Brasileiras no Exterior, "dará continuidade" ao trabalho da primeira missão enviada por Brasília a Londres depois da morte de Jean Charles.

A comitiva de Brasília se reunirá com parentes da vítima e com os advogados da família, que querem conhecer as conclusões da Comissão de Queixas da Polícia (IPCC), que investigou as circunstâncias envolvendo a morte do jovem, segundo um comunicado divulgado pela embaixada.

A delegação se reunirá também com representantes da promotoria, que deverá decidir em breve se irá processar os agentes que mataram o brasileiro. Jean Charles, de 27 anos, recebeu no total oito tiros - sete na cabeça - na estação do metrô de Stockwell, disparados por um policial civil que o confundiu com um terrorista.

A chegada da delegação coincidiu com a publicação de uma entrevista do comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair, que admitiu ao jornal "The Guardian" (esquerda) ter sido um "grave erro" o não-reconhecimento de que o eletricista brasileiro tinha sido morto por engano.

A polícia "poderia ter esclarecido" rapidamente várias dúvidas sobre as circunstâncias da morte de Menezes, reconheceu Blair numa entrevista concedida ao "The Guardian" em novembro passado, por ocasião de seu primeiro ano como chefe da polícia, e que o jornal publicou apenas nesta segunda-feira.

No dia seguinte à morte do brasileiro, Blair garantiu que ele não havia acatado as ordem dos agentes, e que vestia um casaco volumoso, que levantou suspeitas. Mas semanas depois, documentos que vazaram para a imprensa revelaram que Jean Charles entrou tranqüilamente na estação de metrô, sem perceber que estava sendo seguido, e que foi morto em um dos vagões.

Blair reconheceu na entrevista que a polícia poderia ter "informado no dia seguinte que um homem inocente havia sido morto". O comissário alegou que a polícia não o fez porque estava "paralisada" pelos atentados fracassados da véspera, contra três trens do metrô e um ônibus.

A IPCC investiga a atuação de Ian Blair a pedido da família de Jean Charles, que acusa o comissário de tê-la enganado. A pressão sobre o chefe da polícia aumentou neste fim de semana, após a revelação de que policiais britânicos alteraram, para ocultar sua responsabilidade, um relatório sobre a morte de Jean Charles.

O tablóide "News of the World" publicou ontem que agentes do serviço especial da polícia britânica alteraram os dados de um relatório de vigilância sobre o jovem. Segundo o semanário, os policiais esperavam poder esconder o fato de que se confundiram ao identificar o brasileiro como sendo Hussein Osman, suposto terrorista islâmico.

O News of the World afirma que os policiais dos serviços especiais perceberam o erro e alteraram o relatório 10 horas depois de terem-no redigido.




Fonte: 24 Horas News

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URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/321894/visualizar/