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Internacional
Sábado - 28 de Janeiro de 2006 às 08:22

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Os choques começaram quando milhares de correligionários do Fatah - partido que perdeu as eleições na quarta-feira passada para o grupo militante islâmico Hamas - foram às ruas em protesto contra os líderes do próprio Fatah.

Os piores choques ocorreram em Khan Younis, onde pelo menos doze pessoas ficaram feridas nos primeiros confrontos armados entre membros do Fatah e do Hamas desde as eleições.

Os correligionários do Fatah acusam sua liderança de corrupção e exigem a renúncia do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que é do partido.

Disparos

Uma multidão se reuniu em frente a prédios governamentais e à residência oficial de Abbas, incendiando carros de autoridades e disparando tiros para o ar.

O Hamas conquistou 76 das 132 cadeiras do Parlamento, contra apenas 43 do Fatah.

Abbas disse que vai convidar o Hamas para formar o novo governo. O anúncio foi feito no momento em que aumenta a pressão internacional para que o Hamas renuncie à violência contra Israel. Entre os grupos que pedem o afastamento de toda a atual liderança do Fatah estavam integrantes de milícias originadas dentro do próprio partido, como as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa.

Outra reivindicação dos manifestantes é que o Fatah não forme um governo de aliança com o Hamas.

Um importante líder do Fatah, o ex-chefe das forças de segurança palestinas em Gaza Mohammad Dahlan, assegurou seus partidários que isso não acontecerá.

O Hamas defende a destruição do Estado de Israel e é visto como uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e alguns países europeus. Muitos palestinos temem que, com sua vitória, a pressão econômica sobre os territórios ocupados aumente ainda mais.

O líder do Hamas em Damasco, Khaled Meshal, reafirmou no entanto que a organização não tem planos de mudar sua plataforma política. Segundo ele, a solução seria os Estados Unidos pressionarem o governo israelense a se retirar dos territórios ocupados.

Israel

O governo de Israel, por sua vez, reiterou que se recusa a negociar com uma Autoridade Palestina que inclua "uma organização terrorista armada" que pede pela sua destruição.

"O Estado de Israel não vai dialogar com uma Autoridade Palestina que possui grupos que são organizações terroristas armadas pedindo pela destruição de Israel", disse um comunicado do governo.

A nota foi divulgada a jornalistas após o premiê em exercício, Ehud Olmert, ter requisitado uma reunião de emergência com diferentes ministérios para discutir as consequências da vitória esmagadora do Hamas.

A ministra do Exterior israelense, Tsipi Livni, fez um apelo à União Européia – o maior doador financeiro à Autoridade Palestina – para que o bloco se oponha à criação de um "governo terrorista".

O quarteto formado pela Organização das Nações Unidas (ONU), Estados Unidos, União Européia e Rússia divulgou um comunicado pedindo ao Hamas para que renuncie à violência e aceite o direito de Israel de existir.

O grupo irá se reunir em Londres na segunda-feira para decidir o que fazer após a vitória do Hamas.

O presidente George W. Bush também afirmou que Washington não vai negociar com o Hamas se o grupo militante não rejeitar sua política de destruição de Israel.

A chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, anunciou que não vai se encontrar com representantes do Hamas quando visitar os territórios palestinos na próxima semana.

Um porta-voz disse que Merkel se encontrará apenas com o presidente Mahmoud Abbas.

Já os líderes do Hamas disseram que pretendem manter sua "política de resistência" contra Israel quando o grupo assumir o governo.

"Por um lado manteremos nossa política de resistência à agressão e ocupação e, por outro, procuraremos mudar e reformar o cenário palestino", disse Sami Abu Zuhur, porta-voz do Hamas.

"Queremos estar abertos ao mundo árabe e à comunidade internacional."





Fonte: BBC Brasil

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