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Internacional
Terça - 24 de Janeiro de 2006 às 19:16

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O secretário do Conselho Supremo de Segurança do Irã, Ali Lariyani, esteve hoje em Moscou para negociar uma saída à proposta do Kremlin de enriquecer urânio em território russo dentro de um projeto de cooperação bilateral, que pretende acabar com a crise provocada pelo programa nuclear iraniano.

Lariyani, que também chefia a delegação iraniana nas negociações com três países europeus designados (Reino Unido, Alemanha e França), esteve reunido hoje com o secretário do Conselho de Segurança russo, Igor Ivanov, em visita a Moscou.

O serviço de imprensa do Conselho de Segurança russo informou à EFE que suspendeu uma entrevista coletiva anunciada porque as negociações terminarão mais tarde que o previsto".

A proposta russa de enriquecer urânio em seu território para abastecer as plataformas nucleares do Irã e assim evitar suspeitas sobre o possível uso do elemento químico com propósitos militares por parte do país árabe também foi tema de um encontro entre o chefe da Agência de Energia Atômica russa, Serguei Kirienko, e o vice-ministro de Assuntos Exteriores iraniano, Mehdi Safari.

No entanto, o porta-voz da Chancelaria russa, Mikhail Kaminin, declarou que o Irã não avisou o Kremlin sobre o suposto desejo da China de participar da empresa mista de enriquecimento de urânio, ao comentar uma declaração feita pelo chefe da diplomacia iraniana, Manouchehr Mottaki, de que os asiáticos poderiam integrar o projeto.

Kaminin afirmou que a Rússia estaria disposta a estudar o tema.

As reuniões em Moscou estão sendo realizadas dez dias antes do encontro emergencial do Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), convocado por Alemanha, França e Reino Unido para o próximo dia 2 de fevereiro.

O objetivo da reunião da AIEA é denunciar o Irã ao Conselho de Segurança da ONU (CS), que possui poderes para ditar sanções.

O Irã teme que a denúncia promova um processo de isolamento internacional, e ameaçou retomar em grande escala seu programa de enriquecimento de urânio e suspender as inspeções de suas instalações atômicas pela AIEA caso a polêmica seja levada à ONU.

Segundo a proposta russa, que contaria com a aprovação da AIEA e da comunidade internacional, o Irã poderia enriquecer urânio, mas apenas em território russo. O urânio enriquecido seria trasladado posteriormente ao Irã e utilizado para abastecer os reatores nucleares que o país árabe está construindo com a ajuda da Rússia.

Embora o Irã tenha defendido seu direito de enriquecer urânio no próprio território, a possibilidade de o CS adotar sanções contra o país fez com que o Governo reconsiderasse tal posição.

Lariyani declarou ontem, em entrevista ao jornal Financial Times, que a proposta russa precisa ser "ampliada" e analisada a fundo para decidir "em que medida pode resultar produtiva".

A resposta definitiva à oferta russa deve ser divulgada em fevereiro, quando uma delegação oficial iraniana fizer uma visita a Moscou. No entanto, o representante dos Estados Unidos na AIEA, Greg Schulte, avaliou hoje "que é hora de entregar o dossiê iraniano ao Conselho de Segurança da ONU", sem que isso traga sanções imediatas.

"Por enquanto ninguém fala de sanções. Não descartamos sua imposição, mas ainda não falamos delas, mas sim sobre aumentar a pressão política e de colocar o problema iraniano a um nível internacional mais alto", declarou Schulte, durante contato mantido de Viena com a embaixada americana em Moscou.

"Não se trata de uma intervenção militar. Falamos apenas de novos instrumentos de pressão e ressaltamos a seriedade de nossas intenções", completou Schulte, que insistiu que o programa nuclear do Irã não é apenas civil, como afirmam os iranianos, mas sim "parte de um grande projeto militar" a ser desenvolvido no país.

O representante dos EUA elogiou a proposta da Rússia e sua "postura ativa" na crise, não apenas como um país com direito a veto no CS, mas também pela condição de ser um Estado que tem "interesses próprios na região e certa influência sobre o Governo iraniano".

"O Irã ouvirá a Rússia antes que os EUA. Achamos que a Rússia pode ajudar a comunidade mundial a demonstrar ao Irã que sua conduta é inaceitável", concluiu Schulte.





Fonte: EFE

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