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Internacional
Domingo - 22 de Janeiro de 2006 às 08:00
Por: Marcia Carmo

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Morales participou de um ritual indígena de purificação no sábado O presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, assume o poder neste domingo com uma cerimônia no Congresso Nacional e uma festa popular no final do dia. Morales é o primeiro presidente a assumir o poder desde o retorno da democracia e venceu no primeiro turno das eleições sem ter de passar pelo voto indireto, do segundo turno, do parlamento, como ocorreu nos seis pleitos anteriores, o que abriu caminho para a insatisfação popular.

Segundo diferentes analistas, o respaldo dado a Morales nas urnas será decisivo para sua administração.

Vários presidentes já chegaram para a posse, como Alvaro Uribe, da Colômbia, e Hugo Chavez, da Venezuela, num gesto que vem sendo interpretado, segundo seus assessores, como de "apoio" a seu governo.

Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes do Chile, Ricardo Lagos, e da Argentina, Nestor Kirchner, desembarcam em La Paz minutos antes do encontro oficial, ao meio-dia, no Congresso.

Cultivo de coca

Lula passará pouco mais de cinco horas na cidade, que fica a cerca de quatro mil metros acima do nível do mar.

No sábado à noite, a horas de assumir o Palácio presidencial, Morales reuniu-se, entre outros, com o subsecretário de estado americano, Thomas Shannon.

"Estamos abertos ao diálogo e dispostos a colaborar com a Bolívia", disse ele logo após a reunião.

Os assessores de Morales não confirmaram se a produção da folha de coca foi tema da conversa. O governo americano já criticou o cultivo, concentrado no Altiplano, em diferentes ocasiões.

Evo Morales terá um mandato de cinco anos e já definiu algumas linhas centrais do seu governo, que terá dezesseis ministérios. Entre eles deverão estar o da água e o de minério.

O presidente eleito também pretende modificar as leis de educação, a distribuição dos recursos na área da saúde, a composição da cúpula policial e estabelecer uma nova relação com as Forças Armadas.

Os detalhes desta "nova relação" com os militares não foram divulgados pela equipe de transição de governo, formada pelo MAS (Movimento ao Socialismo), partido do presidente eleito.

Geração de empregos

Outra medida que poderá ser adotada é a que destina os recursos dos hidrocarbonetos não apenas para pagamento de salários, mas também para o setor produtivo.

O economista Carlos Villegas, responsável pela equipe de transição, disse que Evo Morales vai enviar ao Congresso Nacional um projeto, ampliando o destino do chamado IDH (Imposto Direto dos Hidrocarbonetos), pago pelas empresas do setor com investimentos no país.

"Queremos que os novos investimentos sejam destinados ao setor produtivo para a geração de mais empregos", disse Villegas.

Para ele, os baixos índices de produtividade no país são um dos principais responsáveis pela pobreza, que atinge, em algumas regiões, cerca de 80% da população.

"O problema da pobreza no país é estrutural e para mudar esse quadro precisamos aumentar a produtividade", afirmou.

No sábado à noite, véspera da posse de Morales, o presidente venezuelano voltou a criticar o governo americano, ao chegar ao aeroporto de El Alto, em La Paz.

"Não se trata sobre vencer os Estados Unidos, mas que eles coloquem esse desenvolvimento para o bem das pessoas", disse.

Enquanto Morales recebia os convidados para discussões bilaterais, o público esperava do lado de fora, mesmo debaixo de chuva fina.

A grande surpresa foi quando o senador do PT Eduardo Suplicy saiu do encontro com Morales e foi aplaudido.

Ele está em La Paz como representante do Senado brasileiro. Suplicy entregou uma carta aberta a Evo Morales, dizendo que a vitória do presidente nas urnas é comparada, em sua opinião, às "eleições históricas" de Salvador Allende, no Chile, e de Lula, no Brasil.

O senador se ofereceu para participar de discussões para criação do programa brasileiro bolsa-escola na Bolívia.




Fonte: BBC Brasil

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