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Politica Brasil
Quarta - 18 de Janeiro de 2006 às 10:09

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Londres - O diretor-gerente para a América Latina da agência de classificação de risco Fitch Ratings, Roger Scher, ao avaliar perante uma platéia de dezenas de investidores e analistas da City londrina as perspectivas para o Brasil com a realização da eleição presidencial de outubro, disse que "uma vitória do PSDB poderia ser melhor" para o País.

Ele ressaltou durante um seminário promovido ontem pela agência que o quadro eleitoral ainda está incerto, inclusive no que se refere à escolha dos candidatos e suas propostas, mas há alguns argumentos que sustentam a tese de que uma vitória tucana poderia ser mais favorável ao Brasil. "Seja quem for o vencedor, será mais difícil se formar uma coalizão de apoio ao governo no Congresso em 2007, dificultando a aprovação de reformas necessárias ao País", disse Scher. "Mas marginalmente seria mais difícil para um governo Lula formar uma base de apoio no próximo ano."

Além disso, acrescentou Scher, o Partido dos Trabalhadores "está indo para esquerda". Ele citou as disputas dentro do governo, como as críticas desferidas no final do ano passado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, à política econômica. "Se o crescimento econômico não retornar, as críticas contra a atual política econômica poderiam ganhar força, aumentando a pressão por mudanças de rumo", disse.

Embora considere como cenário mais provável uma disputa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato tucano, o analista observou que o "o risco" de um outro nome mais desconhecido pelos mercados e com propostas populistas - como o de Anthony Garotinho - crescer nas pesquisas eleitorais e eventualmente até chegar a um segundo turno, não pode ser descartado.

Isso, segundo ele, poderia acentuar as incertezas dos investidores em torno do futuro gerenciamento econômico do País. Scher, no entanto, salientou que vulnerabilidade financeira do País foi muito reduzida se comparada à 2002, ano da última corrida eleitoral.

Upgrade

Ao ser questionado se a atual nota conferida pela Fitch Ratings ao Brasil poderá ser elevada antes da eleição presidencial, Scher foi evasivo. Ele lembrou que em outubro passado a perspectiva da classificação de risco do país foi elevada de estável para positiva, por causa do forte crescimento nas exportações e uma acentuada melhora nas contas externas brasileiras, além da melhora do perfil da dívida pública.

Ele observou, no entanto, que a relação entre a dívida bruta do governo e o PIB continua estável em torno dos 75%, uma patamar muito elevado e considerado o maior freio para uma melhora mais acelerada da classificação de risco do País.

"Vamos acompanhar o comportamento da economia, que tem uma perspectiva de retomada de crescimento com a queda dos juros", disse. "Outro fator importante será ver a continuidade do gerenciamento fiscal em sua atual trajetória." Uma perspectiva "positiva" numa classificação de risco significa que há uma maior possibilidade dela ser elevada nos próximos meses.

Crescimento

Scher disse que o fraco crescimento da economia brasileira em 2005, que segundo ele deverá ficar em torno dos 2,3% deve-se principalmente ao forte ajuste nos estoques no terceiro trimestre, à produção agrícola baixo do esperado, o forte efeito do aperto monetário e a valorização do real.

A Fitch prevê que a economia brasileira crescerá entre 3% e 3,5%, ancorada na queda dos juros, uma recuperação no setor agrícola, uma maior produção de minério de ferro e petróleo, crescimento do emprego e dos salários reais e estímulo fiscal. "O crescimento, no entanto, poderá ser limitado por uma expansão mais lenta das exportações e as incertezas em torno das eleições", disse Scher.

O cenário mais provável para o Brasil traçado pela Fitch prevê que a taxa de juros real poderá declinar para cerca de 10% no final deste ano. Até o final de 2009, desde que a economia registre uma média de crescimento anual de 3,5% do PIB, essa taxa poderá atingir os 8,5%.

Entre os fatores que mantêm os juros reais no Brasil entre os maiores do mundo, Scher ressaltou a necessidade de o Banco Central passar a contar com independência legal, que daria mais credibilidade para a instituição junto aos mercados. Além disso, ele disse que "o setor bancário oligopolista mantém as taxas de financiamento altas" e a carga tributária é elevada. "Tradicionalmente, um balanço de pagamentos fraco pressionava os juros, mas isso diminuiu agora", disse Scher.

O analista exibiu durante sua palestra um gráfico que mostra que os gastos do governo têm crescido alinhado ao desempenho da arrecadação, que tem sido muito positivo. "Embora Lula tenha elevado a meta de superávit primário, um fator positivo para o País, ele poderia ter feito mais nessa área pois a arrecadação registrou um forte crescimento", disse.




Fonte: Agência Estado

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