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Internacional
Segunda - 16 de Janeiro de 2006 às 18:25

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O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, reiterou hoje suas acusações contra o principal partido da oposição do país, que ameaçou levá-lo aos tribunais se ele continuar com o que a legenda classificou como "delírio agressivo". O que esgotou a paciência do Democráticos de Esquerda (DS) foi a insinuação de que o partido pode ter recebido parte dos 50 milhões de euros pagos a Giovanni Consorte, ex-presidente da seguradora Unipol, por Emilio Gnutti, um dos acionistas da BNL, supostamente por trabalhos de assessoria que estão sob investigação judicial.

O DS garantiu hoje em comunicado que não tem nenhuma relação com esse dinheiro e que "qualquer pessoa que sustentar o contrário responderá à Justiça".

As acusações de Berlusconi, primeiro à televisão e depois diante dos juízes, se referem às supostas manobras de líderes do DS na tentativa de compra do Banco Nazionale del Lavoro (BNL) pela Unipol, que nega as acusações.

O DS - principal partido da oposição - considerou "intolerável" que o primeiro-ministro "insinue acusações caluniosas em um delírio agressivo", apontando que ele cometeu uma "absoluta irresponsabilidade".

Berlusconi é "um homem desesperado" que, para não perder as eleições do dia 9 de abril, "está disposto a atropelar qualquer regra e norma de convivência democrática".

O representante do DS para a economia, Pierluigi Bersani, disse hoje que o país, "que já teve muitas desilusões com Berlusconi, tem de enxergar agora como o primeiro-ministro foi fanfarrão e caluniador".

A três meses das eleições gerais, a pré-campanha começou com um grau de ataques maior do que os italianos estão acostumados. E desta vez, Berlusconi foi o primeiro a atirar pedras.

Diante das câmeras na semana passada, ele acusou o DS de "mentir" sobre seu papel na tentativa de compra da BNL e questionou os contatos entre líderes do partido e o presidente da seguradora Generali, Antoine Bernheim.

Frente à Promotoria de Roma, que investiga as irregularidades na operação sobre a BNL (vetada pelo Banco da Itália), Berlusconi se limitou a falar sobre "encontros" do responsável pela Generali com o presidente do DS, Massimo D''Alema, e com o líder da coalizão "União", Romano Prodi, entre outros.

Embora o primeiro-ministro não tenha dito explicitamente, o DS teria pressionado Bernheim para vender sua participação de 8,7% na BNL à Unipol. A Generali desmentiu essa hipótese.

A Unipol criou uma frente para se opor ao projeto do BBVA de comprar o Banco Nazionale del Lavoro, ao que a instituição espanhola finalmente renunciou.

O DS está vinculado, como herdeiro do Partido Comunista Italiano, às chamadas "cooperativas vermelhas", sobre as quais se sustenta a seguradora Unipol.

Berlusconi voltou a se referir hoje aos encontros de líderes da esquerda com Bernheim nos momentos-chave da operação da Unipol.

"De improviso, em meados do ano passado, todos os líderes da (coalisão) União sentiram a necessidade de se encontrar, separadamente, e no intervalo de poucos dias, com o número um do grupo (Generali), que tem decisivos 8,7% da BNL, que tinha recebido uma oferta pública de aquisição de um grande banco espanhol, proposta à qual a tentativa de compra feita pela Unipol se opunha", disse Berlusconi.

Além disso, o primeiro-ministro destacou que "todas essas pessoas insistem em dizer que falaram de tudo com Bernheim, menos sobre o tema da Unipol".



"Houve encontros e ninguém conseguiu desmentir isso. Eu não menti. Eles mentiram. O caso não está fechado", acrescentou o primeiro-ministro em entrevista coletiva no último sábado.

As acusações de Berlusconi lhe valeram, além de uma dura resposta da esquerda, as críticas de alguns dos partidos que formam a coalizão governamental, entre eles a União dos Democrata-Cristãos (UDC) e a Liga Norte, que não concordaram com sua decisão de prestar depoimento voluntariamente à Promotoria de Roma.





Fonte: EFE

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