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Politica Brasil
Sexta - 13 de Janeiro de 2006 às 21:07

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A atual crise nos transportes urbanos no país é reflexo da falta de planejamento das prefeituras e da ausência da atuação do governo federal na área, nos últimos anos, avalia o professor de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rômulo Orrico.

Nos últimos dias, têm ocorrido protestos contra aumentos de tarifas de ônibus em capitais como Brasília e Aracaju. No Rio, houve manifestação de vans. Um movimento de estudantes contra as altas nas tarifas, o Passe Livre, diz estar organizado em 20 estados.

"Muitas das grandes cidades do país não têm um planejamento regular e eficiente para essa área. No Rio, o último grande planejamento de transportes tem quase 30 anos", afirma o professor. "Em nível federal, nós tivemos a extinção da Empresa Brasileira dos Transportes Urbanos (EBTU), durante o governo Collor [ex-presidente Fernando Collor de Mello, no início dos anos 90], e até agora ainda não conseguimos aprovar uma lei de diretrizes de transportes urbanos", conclui.

Orrico também afirma que a crise é reflexo de uma transformação nas cidades brasileiras. Ele lembra que os centros urbanos que, na década de 70, eram essencialmente industriais, passaram, nos últimos anos, a ter uma economia voltada basicamente para a área de serviços. "Isso alterou toda uma dinâmica de transportes, que deixou de seguir a lógica de uma cidade industrial, com a grande concentração de pessoas saindo da periferia para o centro, principalmente no horário de pico da manhã, e pulverizou destinos e horários", analisa.

Com o desenvolvimento de novas áreas nas cidades e do setor de serviços, ocorreu, então, uma redistribuição da localização do comércio, das escolas e instalações de saúde, diz Orrico. No entanto, em muitos centros urbanos, as linhas de ônibus continuam seguindo uma "lógica do passado", sem acompanhar as mudanças.

"No Rio de Janeiro, por exemplo, você pode perceber que, quando os ônibus chegam no início da avenida Presidente Vargas (uma das principais do centro), muitos estão vazios. É que várias pessoas descem antes, em bairros que agora já têm escritórios de trabalho e escolas para seus filhos", analisa.

Aliados a isso, aponta o professor, estão as mudanças culturais. Orrico lembra, por exemplo, que hoje os espetáculos começam cada vez mais tarde da noite, e são cada vez mais freqüentados por jovens que passaram a ter permissão para postergar sua chegada em casa. "A sociedade mudou, a economia mudou, mas os meios de transporte não", diz.





Fonte: 24 Horas News,

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