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Meio Ambiente
Quarta - 11 de Janeiro de 2006 às 11:29

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O Governo da Coréia do Sul atacou hoje o polêmico cientista Hwang Woo-suk e afirmou que se sente "envergonhado" por suas fraudulentas experiências genéticas e anunciou que cobrará o uso das milionárias subvenções que lhe foram dadas. O porta-voz governamental, Kim Chang-ho, informou que o Executivo decidiu realizar uma auditoria sobre o destino dado por Hwang às verbas oficiais concedidas às suas pesquisas com embriões humanos clonados, que se mostraram uma fraude.

Ontem, uma comissão da Universidade Nacional de Seul confirmou que Hwang e sua equipe falsificaram os experimentos para se atribuir a glória de serem os primeiros a extrair células-tronco de embriões humanos clonados. Se fosse verdadeira, a descoberta teria revolucionado o tratamento de doenças incuráveis.

A sentença da comissão deu um golpe mortal na ascendente carreira de Hwang e nos milhões de doentes no mundo todo que depositam suas esperanças nas chances de que as células-tronco regenerem tecidos e tratem doenças como o mal de Parkinson, o diabetes ou o Alzheimer.

Para efetuar a pesquisa que colocou Hwang na vanguarda da ciência mundial, o Governo sul-coreano deu à equipe do geneticista veterinário cerca de US$ 3 milhões.

Foi a maior soma destinada pela Administração sul-coreana a um único projeto de pesquisa. Pouco mais da metade da verba foi aplicada nas instalações em que Hwang e seus colaboradores trabalharam.

Na reunião ministerial, além da realização da auditoria, também se decidiu tirar de Hwang o título de "primeiro cientista" da Coréia do Sul concedido em 24 de junho de 2005 por seus trabalhos sobre clonagem.

"O Conselho de Auditorias e Inspeções deverá investigar com cuidado o uso dos fundos estatais dados a Hwang", disse o porta-voz.

Kim anunciou que "o Governo está decidido a continuar prestando apoio financeiro aos projetos de pesquisa sobre células-tronco e divulgará medidas de apoio durante a primeira metade deste ano".

O Escritório da Presidência da Coréia do Sul também manifestou hoje seu pesar pelo ocorrido e defendeu que o escândalo sirva para elevar a um novo nível o desenvolvimento científico da nação.

"O Governo prestou seu apoio de todo coração à equipe de Hwang e no final só obteve fumaça. Nós nos sentimos envergonhados", disse o porta-voz da Presidência, Kim Man-soo.

O presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, afirmou na semana passada, quando já se apontava o resultado das investigações que avaliaram o trabalho de Hwang, que o país deveria encarar o escândalo de um ponto de vista positivo.

Já o partido do Governo, o Uri, foi mais duro. Sua direção, após reunir-se com o Executivo, afirmou que fará uma inspeção parlamentar de todas as instituições oficiais que possam ter algum tipo de relação com o escândalo.

Hwang, de 52 anos, tinha 15 cargos oficiais, oito deles no Ministério de Ciência e Tecnologia. O cientista se demitiu de todos no mês passado, depois que outra comissão da Universidade Nacional de Seul antecipou que havia falsificado seu estudo publicado em 2005 sobre a criação de células-tronco de embriões clonados de pacientes específicos.

A Universidade Nacional de Seul se desculpou hoje pela fraude cometida por Hwang.

"Peço sinceras desculpas pela mancha derramada por Hwang sobre toda a comunidade científica e sobre nosso país, ao fazer o que um cientista nunca deveria fazer", disse o reitor do centro universitário, Chung Un-chan.





Fonte: EFE

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