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Internacional
Segunda - 09 de Janeiro de 2006 às 10:06

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A Coréia do Norte exigiu hoje aos Estados Unidos que retirem suas "injustificadas" sanções financeiras para que possa retomar as conversas multilaterais sobre o programa de armas nucleares de Pyongyang. Em declarações à Agência Central de Notícias do Norte (KCNA), um porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores norte-coreano disse que "se os EUA realmente estão interessados na desnuclearização da península e querem o progresso das conversas, devem recorrer ao diálogo após retirarem as sanções que o atrapalham".

O representante de Pyongyang negou as acusações feitas pelo Governo de Washington, segundo as quais o regime norte-coreano tinha distribuído moeda americana falsa e dinheiro do tráfico de drogas, e as qualificou de "injustificadas".

Em outubro do ano passado, os EUA ordenaram o bloqueio de várias entidades norte-coreanas, depois de, em setembro, ter sido denunciada a lavagem de dólares falsos e procedentes do narcotráfico através de um banco de Macau ligado a vários altos funcionários de Pyongyang.

Hoje, o regime comunista ressaltou a inconveniência da imposição das sanções enquanto estava em andamento o processo de negociações sobre o programa de armas nucleares.

"Sob estas circunstâncias, é insensato continuar discutindo com os EUA a renúncia ao poder dissuasório nuclear (norte-coreano), pois o que Washington pretende é levar adiante sua política hostil conosco, independentemente da reunião multilateral", ressaltou o porta-voz.

Este tom e as ameaças da Coréia do Norte (no último sábado, o regime comunista chegou a dizer que os EUA são o "principal alvo a ser atingido" para conseguir a unificação da península) prevêem um novo boicote de Pyongyang ao processo de diálogo.

Depois de a Coréia do Norte ter boicotado, em setembro de 2004, a quarta rodada das conversas com Coréia do Sul, China, Japão, Rússia e EUA, o regime comunista norte-coreano acelerou seu programa nuclear até anunciar, em fevereiro de 2005, que já dispunha de armas atômicas.

Finalmente, após receber diversas promessas de ajuda econômica da Coréia do Sul e da China, Pyongyang retornou à mesa de diálogo, em agosto do ano passado, em Pequim.

Em novembro, foi realizada a quinta rodada das conversas e, desde então, aumentou o risco de Pyongyang recorrer a um novo boicote que lhe permita ganhar tempo e continuar com a produção de armamento nuclear.

Além dos confrontos verbais entre os dois países (recentemente o embaixador americano em Seul, Alexander Vershbow, denominou a Coréia do Norte como um "regime criminoso"), há outros elementos de tensão que podem atrasar as próximas negociações.

Ontem, foram retirados da Coréia do Norte os últimos operários sul-coreanos que tinham participado dos trabalhos de construção de dois reatores de água leve sob responsabilidade da Organização para o Desenvolvimento Energético da Península da Coréia (Kedo).

A obra ficou suspensa em 2003, depois de, em outubro de 2002, a Coréia do Norte ter reconhecido que havia iniciado seu programa de produção de armas atômicas.

Os dois reatores de uso pacífico eram resultado do acordo assinado em 1994 entre os EUA e a Coréia do Norte, pelos quais a Kedo se comprometia a entregar a Pyongyang meios de subsistência energética em troca da renúncia a seus programas nucleares militares.

Coréia do Sul, EUA, Japão e a União Européia (UE) estavam entre os 13 países e organizações que formavam o consórcio Kedo. A violação desse acordo pelo regime norte-coreano, em 2002, representou a suspensão dos trabalhos para a construção dos dois reatores.

No último mês de julho, como parte dos incentivos para que a Coréia do Norte voltasse à mesa de negociações, a Coréia do Sul ofereceu a Pyongyang 2 milhões de quilowatts de eletricidade.

Em conseqüência, a Kedo anunciou o fim da construção de reatores, já que as necessidades energéticas do país já seriam atendidas.

No entanto, a Coréia do Norte manifestou seu interesse na assinatura de um novo acordo que permita a complementação dessas instalações em troca da renúncia às armas nucleares que diz ter.

Em setembro último, na declaração conjunta da quarta rodada de diálogo multilateral, a Coréia do Norte se comprometeu a abrir mão de suas armas atômicas em troca de ajuda.

No fim da reunião, os norte-coreanos revelaram o caráter do auxílio requerido: novos reatores de água leve como condição indispensável e prévia para desmantelar o programa nuclear militar.

No entanto, os EUA também foram muito claros: só se começará a falar dessa ajuda energética depois de a Coréia do Norte renunciar a suas armas atômicas, posição que, além das sanções financeiras, torna mais distante a retomada das conversas multilaterais.





Fonte: EFE

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