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Politica Brasil
Domingo - 08 de Janeiro de 2006 às 09:09
Por: João Carlos Caldeira

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Faço caminhada regular a muitos anos e percebo que nas primeiras semanas de um novo ano, as calçadas, parques e pistas de Cuiabá, ficam lotados de novos adeptos.

Geralmente são pessoas que aproveitam os primeiros dias do ano para cumprirem antigas e frustradas promessas de perder peso, criar o hábito de caminhar e melhorar sua alimentação e qualidade de vida. Até aí ótimo, excelente, o problema é que não passa de duas semanas e o número de praticantes regulares cai pela metade, é tudo fogo de palha!

As dificuldades do dia-a-dia como os compromissos profissionais, a família, o sedentarismo e a preguiça, são os principais fatores que contribuem para o não cumprimento das metas estipuladas, não raramente, por recomendação médica. Nas últimas três décadas, a obesidade transformou-se em um problema de saúde pública, não tão grave como nos Estados Unidos, é bem verdade, mas de grande proporção.

Em 1975 de cada cem pessoas 23 eram obesas, em 2003 o número subiu para 40 pessoas. Segundo dados do IBGE, o país tem 38,8 milhões de pessoas com excesso de peso, dos quais 10,5 milhões são obesos. É muita gente precisando se cuidar!

Não temos números para mensurar a situação em nosso estado, mas não deve ser diferente dos percentuais nacionais. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (estômago), existem cerca de 15 mil pessoas obesas mórbidas em Mato Grosso, com indicação de tratamento clínico e até cirúrgico.

A pesquisa do IBGE aponta ainda que pela primeira vez na história do país, a obesidade é maior e mais danosa à população que a desnutrição.

Comer com qualidade e com saúde deverá ser o grande desafio das famílias nos próximos anos. A correria das grandes cidades provocou mudanças significativas nos hábitos alimentares da população.

Trocou-se o almoço em casa pelo prato feito (PF), pelos sanduíches, salgados e pelos famosos fast-foods. A alteração no perfil alimentar dos brasileiros têm ligação com as transformações econômicas e sociais ocorridas, além da (péssima) influência cultural americana.

Em média, os gastos com a alimentação, é a segunda maior despesa do orçamento familiar, perdendo somente para a habitação. As pessoas que moram em grandes centros urbanos, como Cuiabá e Várzea Grande, destinam quase um quarto dos valores com a alimentação fora de casa.

O antigo hábito de ¨ comer, comer é o melhor para poder crescer¨ tem que ser revisto. Existe ainda uma cultura, principalmente nas famílias mais tradicionais, que a quantidade de comida determina a crescimento e a saúde, quando na verdade a qualidade do que se come é muito mais importante, até mesmo em crianças em fase de crescimento.

Mais uma vez entra a receita de sucesso para o problema: educação! Somente através da orientação, da mudança nos hábitos alimentares e na prática de atividades físicas, poderemos reverter a situação.

Mas cá entre nós, elite da população e pessoas mais esclarecidas: Por que será que mesmo sabendo que devemos comer mais frutas, legumes, hortaliças e carnes brancas, que o prato quanto mais colorido mais saudável é, insistimos na picanha, no pastel frito, no hambúrguer e na feijoada?

Claro que são mais saborosos, mas nem tudo que é mais gostoso é mais saudável, não é mesmo?

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista e professor universitário. E-mail: joaocmc@terra.com.br




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