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Internacional
Quinta - 05 de Janeiro de 2006 às 21:47

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A polêmica ex-refém alemã Susanne Osthoff, libertada no último dia 18 de dezembro após ter sido seqüestrada no Iraque, voltou a irritar hoje o Governo alemão ao garantir que Berlim pagou seu resgate, o que significaria que a Alemanha cedeu aos seqüestradores.

"Os seqüestradores receberam uma oferta dos alemães. Não posso dizer o número exato, mas considero que era um pouco baixa", disse hoje Osthoff, a primeira alemã seqüestrada no Iraque após a queda de Saddam Hussein, à revista Stern.

Martin Jaeger, porta-voz do Ministério dos Assuntos Exteriores, se limitou a lembrar que tanto a chanceler Angela Merkel como o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, deixaram claro durante as três semanas que durou o seqüestro que a Alemanha não se deixaria chantagear e que o pagamento de um resgate não era cogitado.

Esta não é a primeira vez que se fala de pagamento de um resgate pelo Governo alemão para libertar reféns seqüestrados no exterior, embora esses casos nunca tenham sido confirmados por Berlim.

Osthoff se defendeu das críticas de seus compatriotas tanto na Stern quanto na entrevista em profundidade que concedeu à enviada especial a regiões em crise da televisão alemã, Antonia Rados, também divulgada hoje pela RTL e pela N-TV.

A voluntária e arqueóloga alemã, convertida ao islã, foi duramente atacada pelos meios de comunicação alemães, sobretudo por causa da entrevista que concedeu no fim de dezembro à rede de televisão ZDF, na qual aparecia com a cabeça totalmente coberta com um véu, deixando apenas os olhos descobertos.



Osthoff garantiu que durante o seqüestro viveu "um inferno" e disse que não é "a pobre louca" que a imprensa retrata. Além disso, se considerou uma "vítima" e garantiu que os alemães a "odeiam".

A ex-refém confirmou que, desde sua libertação, não esteve nem com sua filha de 12 anos Tarfa - fruto de um relacionamento com um iraquiano do qual se separou há oito anos e que vive em um internato na Alemanha - nem com sua família, à qual não vê há anos.

Os familiares de Osthoff fizeram um pedido desesperado aos alemães durante seu seqüestro para que se mobilizassem, como na Itália e na França, para pedir a libertação da voluntária.

Entretanto, apenas cerca de 300 cidadãos responderam ao chamado de solidariedade da família e se concentraram em frente ao Portão de Brandeburgo, em Berlim.

Os alemães reagiram de forma bem mais fria ao seqüestro de Osthoff, talvez porque, com sua conversão ao islã, sua imagem de má mãe e os anos em que estava vivendo fora do país, não a viam como uma das suas.

Nas duas entrevistas, Osthoff deu mais detalhes sobre seu seqüestro, disse que ainda vive com o medo, que não pode dormir à noite e que, desde sua libertação, viveu em quatro países diferentes.

Segundo Osthoff, seus seqüestradores eram membros da resistência iraquiana e do grupo terrorista dirigido pelo fundamentalista Abu Musab al-Zarqawi, ligado à rede Al Qaeda e ao antigo regime de Saddam Hussein.

No entanto, alguns meios de comunicação garantem que Osthoff tem contatos com o regime de Saddam e insinuaram que ela pode ter estado envolvida em seu próprio seqüestro.

Osthoff nega que tenha vontade de voltar ao Iraque após o seqüestro, como havia insinuado antes, o que tinha lhe valido muitas críticas tanto do Governo quanto dos meios de comunicação, que a classificaram de irresponsável.




Fonte: EFE

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