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Politica Brasil
Sexta - 30 de Dezembro de 2005 às 14:54

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O arroz em casca vive momento diferente no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso, os dois principais estados produtores do Brasil. No mercado gaúcho o produto encontrou estabilidade e é cotado entre R$ 20,00 e R$ 20,50 (líquido ao produtor) no caso de 58% de grãos inteiros. Variedades nobres e produto de maior rendimento de engenho alcançam cotações maiores, principalmente no Litoral Norte, onde o produto com 62% de grãos inteiros chega a até R$ 24,00.

Cachoeira do Sul, Dom Pedrito, Rosário do Sul, Itaqui e Uruguaiana operam na faixa de R$ 20,00 líquidos ao produtor. Alegrete, R$ 20,15 líquidos. Na semana anterior alguns negócios chegaram aos R$ 21,00 em Uruguaiana, com os produtores tentando forçar R$ 21,50. Mas o mercado recuou esta semana para os mesmos patamares da região.

Em Itaqui, as variedades nobres estão cotadas entre R$ 21,15 e R$ 22,15 de acordo com o rendimento de engenho. Em São Borja, o arroz das variedades especiais (BR IRGA 409 e IRGA 417) com 60% de inteiros alcança o preço líquido de R$ 22,60. Em Capivari do Sul, no Litoral Norte, é cotado entre R$ 23,00 e R$ 24,00 (62% de inteiros).

Apesar destas cotações, o mercado está em “stand by”. Os produtores não estão ofertando volumes significativos e algumas indústrias também estão fora do mercado. A demanda por arroz gaúcho das principais empresas do Centro do País reduziu bastante nas duas últimas semanas, fator que pode, segundo alguns consultores, levar a uma leve reação de preços no início de janeiro.

A falta de arroz de boa qualidade também pode interferir. Há pouco arroz de variedades nobres e da safra 2005 para abastecer a indústria até março, pelo menos, no Rio Grande do Sul – há uma preferência natural por arroz da safra anterior para o beneficiamento - no mercado e está quase todo ele restrito ao território gaúcho. O produto médio é mais destinado à produção de parboilizado, pois neste final de estoque não apresenta mais o padrão que tinha até outubro.

- O padrão deste resto de estoque caiu bastante, com muita presença de arroz amarelo (manchado) – destacou o comprador de uma importante cooperativa da Fronteira-Oeste.

Mato Groso

No Mato Grosso, segundo maior produtor do Brasil, o arroz em casca de melhor qualidade está obtendo valorização. O Cirad já é negociado, posto em Cuiabá, por até R$ 18,00 para o saco de 60 quilos com 50% de inteiros (acima). Há casos de arroz Primavera, com mais de 50% de grãos inteiros, comercializado por R$ 22,00 (preço final em Cuiabá).

A alta do frete devido às más condições da estrada interferiu, mas nota-se que os cerealistas do Mato Grosso estão formando posição para a entrada da safra, quando precisará fazer um mix do Cirad com o Primavera. Os produtores estão ofertando significativamente o produto, aproveitando um preço que não viram praticamente o ano todo. A falta de produto de qualidade é o grande fator de alta nos preços.

A boa notícia do Mato Grosso, no entanto, é o posicionamento do mercado para o final de janeiro, quando começa a safra. O arroz Primavera verde (60kg/50% de inteiros – acima) já é negociado a R$ 25,00, sinalizando um aquecimento no mercado mato-grossense.

No principal mercado do Centro Oeste há grande volume de produto – principalmente Cirad - com 40% de inteiros acima, manchados e picados. O Primavera com 40% de inteiros chega a Cuiabá na faixa de R$ 17,00 e o Cirad abaixo de R$ 13,50 (60kg), segundo explica Nilson Franco, da Futura Cereais. Há queixas no mercado com relação a algumas marcas do MT que estão “batizadas” com Cirad, na composição com Primavera e outros cultivares.

BENEFICIADO

A última quinzena de dezembro apresenta características de mercado bastante retraído, mas com estabilidade de preços. O fardo de arroz gaúcho (30kg – tipo 1) é comercializado entre R$ 28,00 e R$ 34,00 (FOB) e R$ 32,50 e R$ 37,00 em São Paulo. Ainda assim algumas marcas conseguem chegar com valores inferiores. No Rio de Janeiro e Sul de Minas Gerais o mercado apresenta maior pressão e os preços, normalmente R$ 2,00 acima do mercado paulista, estão praticamente no mesmo patamar de São Paulo.

O movimento de fardos é muito pequeno, em comparação com o final de novembro, quando houve um aquecimento considerável. Cresceu a negociação dos sacos de arroz beneficiado em 60 quilos. O produto é comercializado no Rio Grande do Sul a R$ 44,00/R$ 46,00 (FOB). Chega com preço final de R$ 57,00 a R$ 59,00 em São Paulo.

O beneficiado do Mato Grosso é comercializado na faixa de R$ 26,00 a R$ 28,00 (FOB Várzea Grande). Chega a São Paulo na faixa de R$ 30,00 a R$ 33,00. O saco de 60 quilos do Cirad é cotado na faixa de R$ 49,00 a R$ 54,00. O Primavera, quase inexistente, é comercializado na faixa de R$ 53,00 a R$ 57,00.

DERIVADOS

No Rio Grande do Sul o mercado de derivados de arroz segue estabilizado em baixa e com forte pressão baixista pelo fim dos carregamentos de arroz quebrado para a África e as férias coletivas de algumas das principais indústrias que trabalham com esta matéria prima. O farelo é cotado a R$ 7,50 (30kg), o canjicão fica em R$ 18,00 e a quirera a R$ 17,00. Durante o ano todo o canjicão foi cotado na faixa de R$ 23,00/R$ 24,00 e a quirera entre R$ 20,00 e R$ 21,00. O fato da qualidade do arroz ter caído bastante neste final de estoque também interfere numa produção maior de derivados.

MERCOSUL

Ao contrário do esperado inicialmente, as importações de arroz do Mercosul, principalmente do Uruguai, não aumentaram. A oscilação das cotações do dólar, que chegou a quase R$ 2,40 nos últimos dias e o fato dos estoques uruguaios estarem baixos e sem a mesma qualidade do primeiro semestre, minimizou o afã das indústrias brasileiras.

TENDÊNCIA

A expectativa de alguns dos principais consultores e agentes de mercado do Rio Grande do Sul é de que o arroz tende a subir de preços em janeiro, retornando aos patamares de novembro – R$ 25,00 para o arroz em casca de variedades nobres e maior rendimento de engenho no Litoral Norte gaúcho – e média de R$ 22,00 para o arroz padrão (58%).

A escassez de produto no mercado brasileiro, o atraso na safra gaúcha – a pressão de colheita só deve começar na segunda quinzena de março – a falta de competitividade do Mercosul – se o dólar mantiver uma tendência de se aproximar de R$ 2,40 – e mesmo a falta de produto de qualidade no Uruguai, estão entre os fatores que podem interferir numa ligeira recuperação de preços. A sinalização dos cerealistas mato-grossenses comprando arroz Primavera verde a R$ 25,00 também é um indicativo de mercado mais ajustado em janeiro.

Apesar de todos estes fatores, o que pode determinar uma tendência para o pico de entressafra é o comportamento de produtores e indústria nas primeiras semanas de janeiro. Se o produtor sair na frente ofertando, a indústria poderá ditar o preço. Mas, se a indústria confirmar a expectativa do mercado de que precisa se abastecer, haverá valorização do escasso volume de produto de melhor qualidade no Rio Grande do Sul e uma sinalização de recuperação de preços até a safra.





Fonte: Planeta arroz

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