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Internacional
Sexta - 30 de Dezembro de 2005 às 12:53

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O incêndio da discoteca República Cromañón, que ocorreu há um ano, abalou as estruturas do Governo de Buenos Aires ao expor irregularidades administrativas e suspeitas de corrupção e suborno que a Justiça da Argentina tenta esclarecer. Enquanto lutam pela verdade, muitos sobreviventes do incêndio da discoteca e parentes dos 193 mortos no acidente reconhecem o intenso trabalho dos juízes este ano e esperam que a causa seja levada a julgamento em 2006.

"Apesar das atribulações do caso, devemos admitir o imenso trabalho realizado pela Justiça em 2005", reconheceu Javier Miglino, um dos sobreviventes da "tragédia do Cromañón".

José Iglesias, pai de uma das vítimas fatais, concorda. Ele destacou que este ano "responderam à Justiça todos os que tinham que responder, exceto Aníbal Ibarra", o prefeito de Buenos Aires.

Parentes das vítimas consideram Ibarra o principal responsável pela tragédia.

O processo judicial envolve 193 vítimas fatais, mais de 700 feridos, um detido, 31 processados, mil querelantes, dois juízes - em breve serão três - e 37.800 páginas, acumuladas em 189 cadernos.

A causa, a maior deste tipo no país, entrou na última fase de instrução. O julgamento oral que determinará responsabilidades e penas deve ficar para o final de 2006. As condenações podem chegar a 26 anos de prisão.

O juiz suplente Néstor Costabel, que comandará a investigação a partir de janeiro, encerrará o indiciamento iniciado pela juíza María Angélica Crotto, atualmente de licença por doença, em 30 de dezembro de 2004.

A pesquisa foi coordenada, por dez meses, pelo juiz Marcelo Lucini, que deu um forte impulso à causa.

As acusações contra o dono da República Cromañón e único detido na causa, Omar Chabán, contra seu principal colaborador e dois ex-policiais são de "dano doloso", "suborno" ativo ou passivo, segundo o caso. Somando as penas, eles podem pegar até 25 anos de prisão.

Também são responsabilizados, em menor escala, outros ex-policiais, bombeiros e ex-funcionários do Governo de Buenos Aires.

No momento da tragédia, causada pelo lançamento de fogos de artifício em direção ao teto do local, coberto de pano, a lotação da casa havia sido ultrapassada. O estabelecimento ainda tinha o alvará municipal vencido, faltava medidas básicas de segurança e tinha as saídas de emergência bloqueadas.

No plano político, o episódio atingiu a administração de Ibarra, um dos aliados do presidente da Argentina, Néstor Kirchner.

Após suportar os embates da oposição e dos parentes das vítimas, Ibarra ficou no centro da discussão de 15 parlamentares, que o submeteram a um julgamento político por "mau desempenho de suas funções".

O chefe de Governo, suspenso desde novembro, é acusado de 16 crimes. A Sala Julgadora da Legislatura de Buenos Aires tem prazo de quatro meses para decidir se destitui ou não o prefeito. Ibarra está à frente da Prefeitura desde 1999.

O prefeito denunciou um suposto "golpe institucional" contra seu Governo, e disse que se tornou um "bode expiatório" da tragédia.

Há menos de uma semana, os parentes - que fizeram manifestação todos os meses no dia 30 - estão acampados junto a um santuário que ergueram diante do local onde funcionava a discoteca. A vigília termina hoje, um ano após a tragédia.





Fonte: efe

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