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Internacional
Segunda - 26 de Dezembro de 2005 às 02:39

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Washington - O muro de 1.100 quilômetros que os Estados Unidos pensam em construir na fronteira com o México, provavelmente será o maior do mundo. Mas, segundo críticos do projeto, em vez de bloquear a entrada ilegal de imigrantes, tornaria a aventura ainda mais perigosa. Em 16 de dezembro, a construção do muro foi aprovada na Câmara dos Representantes por 260 votos a favor contra 159, como uma emenda à lei de imigração.

Para os grupos de defesa dos imigrantes, a construção não deterá a entrada ilegal. Apenas "levará os imigrantes a regiões mais inóspitas", segundo Lisa Haugaard, diretora-executiva da associação "Grupo de Trabalho Latino-americano".

A iniciativa azedou as já delicadas relações entre os EUA e o México. Nesta semana, o chanceler do México, Luis Ernesto Derbez, irá a Washington para confirmar a oposição de seu país à idéia.

Para que entre em vigor, a medida ainda precisa ser aprovada pelo Senado, onde seus partidários crêem possuir respaldo suficiente para aprová-la.

"Ninguém no Senado parece se opor" ao projeto, disse John Keeley, diretor de comunicações do Centro de Estudos de Imigração, uma organização que é favorável à restrição da entrada de estrangeiros nos EUA. "A idéia é muito nova e recebeu um apoio surpreendente", acrescentou.

Caso se concretize, a barreira fronteiriça provavelmente será a maior do mundo, visto que a construída por Israel será finalizada com cerca de 700 quilômetros.

Barreira ou muro? - Nesse caso, a semântica é importante. Nos EUA se insiste em chamar a obra de "barreira" ou "cerca", enquanto no México é denominada "muro", em uma clara alusão ao muro de Berlim. "Este muro é uma vergonha", disse o presidente do México, Vicente Fox, em 19 de dezembro, em discurso em Guanajuato.

Guatemala e Venezuela também protestaram contra a iniciativa. O México pretende ganhar o apoio da Colômbia, República Dominicana e dos demais países da América Central em sua campanha contra o projeto.

O projeto prevê que o muro duplo - ou barreira - cubra 1.100 quilômetros dos mais de 3 mil da fronteira que divide ambos os países. Está previsto que a obra contará com detectores de movimento e iluminação noturna.

Atualmente, apenas uma obra do tipo existe nos Estados Unidos, cobrindo uma área total que não passa dos 10 quilômetros, em alguns centros urbanos.

Seu custo está avaliado em quase US$ 1 milhão por quilômetro, o que resultaria em uma fatura total de cerca de US$ 1 bilhão. Por causa do custo, vai demorar alguns anos para ser concluída, segundo Keeley.

Riscos da travessia - As mortes na fronteira aumentaram nos últimos anos, pois o endurecimento da vigilância nos centros urbanos obrigou os imigrantes a tentar a sorte no deserto, ou arriscar atravessar a nado o traiçoeiro Rio Bravo, ou os canais da região.

No ano fiscal de 2005 - que se encerrou no dia 30 de setembro -, 460 imigrantes morreram tentando entrar no país, superando amplamente o recorde de 383 do ano fiscal de 2000, segundo a Patrulha Fronteiriça.

"A população tem de possuir uma forma legal de atravessar a fronteira e de satisfazer as necessidades de trabalho aqui", disse Haugaard. O projeto de lei aprovado pela Câmara se limita a endurecer as medidas contra a entrada ilegal.

Mas o líder do Senado, o republicano Bill Frist, indicou que deseja que a versão da lei, que será debatida pela Casa em fevereiro, inclua algum tipo de programa de regularização temporária dos trabalhadores ilegais, uma idéia promovida pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

A barreira também teria efeitos ambientais. Para Jenny Neeley, representante da associação "Defensores da Vida Selvagem" em Tucson (Arizona), "a proposta seria devastadora".

Neeley disse que o muro impediria o trânsito de jaguares e lobos mexicanos que necessitam de um grande hábitat para sobreviver nas áreas desérticas.

Mas a julgar por sua ausência no debate sobre a lei na Câmara, os problemas naturais não parecem perturbar os legisladores americanos, que só pensam em ganhar os votos conservadores nas eleições legislativas de novembro, segundo especialistas.




Fonte: Agência EFE

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