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Politica Brasil
Sexta - 16 de Dezembro de 2005 às 22:48
Por: Onofre Ribeiro

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A respeito do artigo “O preço das desgraças”, publicado ontem neste espaço, recebi alguns e-mails muito relevantes. Destaco um, em especial, do amigo Ivan De Lamônica Freire, do qual transcrevo um trecho. Ele esteve em Caldas Novas (GO) em encontro de 33 anos dos formandos de agronomia, e relata: “quando eu falava de MT e, nisso, usei descaradamente, tudo que você escreve, senti muitas vezes um certo desconforto do pessoal do Sul. Seu artigo de hoje fala tudo. Concordo com seu pensamento: realmente MT está incomodando os antigos mandatários da agropecuária brasileira e agora também do setor de indústrias. Essa briga vem desde antes da divisão do estado. Eu estive no olho do furacão quando na CFP(atual Conab), a turma do Sul sempre procurou bloquear nossas pretensões. Há que se ter paciência pricipalmente porque temos uma bancada federal inoperante, incompetente e burra”.

Pego o gancho da bancada, levantado pelo Ivan.

O regime de governo do país é parlamentarista na prática, e presidencialista na intenção. O presidente da República depende do Congresso Nacional para governar. Logo, precisa de votos dos parlamentares deputados e senadores. Como existe um jogo de interesses financeiros, políticos e de favores, a relação entre o Poder Executivo, o Congresso e os partidos é profundamente promíscua.

Os parlamentares deixaram de trabalhar para um projeto político estadual. Cada um trabalha esse mecanismo indecente chamado de emendas parlamentares ao orçamento da União. Cada um tem direito e migalhas que eles subdividem em dezenas de projetos individuais que atendam aos seus interesses eleitorais nas suas bases.

Todos correm desesperadamente o ano inteiro atrás das emendas e pulam de alegria quando o governo tem uma votação importante. Nesse momento, ele compra os votos numa outra forma de mensalão. Com os recursos, cada parlamentar aplica em municípios de maneira pulverizada, criando feudos eleitorais individuais.

Não cresce o estado, não crescem os municípios. Mas crescem os votos nas eleições. No caso específico de Mato Grosso, a pequena bancada de oito deputados federais e os três senadores se articula muito raramente em algum projeto e, mesmo assim, parcialmente. Foi o caso da rodovia BR-158 onde todos puseram algum dinheiro das suas emenda para pavimentar 22 km.

Mas o pior mesmo, é a posição de governadores como o de Mato Grosso, Blairo Maggi. Quando não têm domínio sobre a bancada federal, deixam de representar o peso de seus estados em Brasília, dentro do governo federal. Por não terem decisão nas votações de interesses do governo federal, esses governadores são tratados como personagens de segunda classe.

No meio desse tiroteio, os problemas dos estados estouram só nas mãos dos governadores. Os parlamentares votam aqui e ali segundo os interesses imediatos, mediante compensação em emendas, e os estados vão empobrecendo. No caso dos estados que possuem grandes bancadas, os governadores comandam votos e têm tratamento diferenciado no Governo.

De tudo, fica mais do que claro. A política no Congresso Nacional é coisa de varejo mesmo!

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.br




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