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Politica Brasil
Quarta - 14 de Dezembro de 2005 às 08:02
Por: Adriana Vandoni Curvo

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Quando o final do ano vai chegando, costumo fazer um balanço de ganhos e perdas. Claro que não publico um balanço contábil, até porque, o que eu tenho por parâmetro de ganhos e perdas, não se traduz em espécie. Acontece que desde que comecei a escrever, o sentido da expressão “minha vida” mudou e quem lê meus textos já acompanhou vários estágios pelos quais passei. Costumo transmitir nas palavras, mesmo sem intenção, as alegrias, angústias, medos, enfim, tudo que escrevo é impregnado de sentimento.

Pra começar, este ano definitivamente eu virei articulista (apesar de continuar achando que esse nome lembra doença nas articulações). Sem chance de retorno. Até o ano passado eu dizia: sou economista, escrevo porque sou enxerida. Deste ano em diante não tenho como escapar. O oficio de escrever suplantou todas as minhas intenções de fuga. Passei a ser uma espécie de refém da palavra.

Isso é bom? Claro que é, mas me assustei. Não foram poucas as vezes que notei uma ou outra pessoa que ao conversar comigo, se sentia incomodada por ver minha bolsa no colo. Não entendia o motivo disso, até que um falou: “você não tem um gravador ai na bolsa, não é?” Foi ai que a ficha caiu. Céus! Eu passei a ser vista como espiã? Mas como não podia perder a brincadeira, pra esse que me perguntou se eu tinha um gravador na minha bolsa, eu só dei uma risada meio sinistra e comecei a aproximar, aos poucos, a bolsa dele. De repente eu me levantei e disse: “fala isso que você acabou de dizer, um pouco mais alto que a bateria ta fraca!”. Só rindo!

Depois dessa, tem retorno? Claro que não.

Passado o susto e assumida a função, posso afirmar que minha cestinha de ganhos aumentou. Verdade. Este ano eu cresci aprendendo a lidar com elogios e com críticas. Ambas são difíceis, porém, as críticas me divertem muito.

Só este ano eu já fui “Diogo Mainardi de saias”, “pitbull”, “reacionária” e “guerrilheira”, dá pra entender? Já fui “articulista mequetrefe” e um mais inspirado e gentil comigo, disse que “Bornhausen (Jorge) é uma espécie de Adriana Curvo de calças e jaquetão.”...não entendi, mas tudo bem, gostei da idéia, pelo menos a ótica mudou, não sou eu que sou ele de calças e jaquetão e sim ele que sou eu...devo ter subido um nível.

Esse mesmo já tinha me chamado de golpista. Quase acreditei e tentei tirar Lula da torcida do Corintihans. Sem sucesso! Quem me dera ter a glória de dar um golpe, já teria tirado Lula, com toda certeza. Mas acho que o cara está superestimando os meus poderes. É bem verdade que já tentaram me transformar em duas. Apareceu um na internet denunciando que tinha uma tal de Adriana Curvo plagiando artigos de Adriana Vandoni. É ou não é divertido?

Mas quando me fazem críticas assumidas e assinadas, beleza, estamos jogando aberto. O que não gosto é de críticas anônimas ou aquelas que não são feitas diretamente a mim. Oras, tudo que eu falo, penso e escrevo, assino embaixo. Será que pra fazer isso é preciso ter peito?

Dias atrás um ilustre desconhecido, que não sei pronunciar o nome, fez circular pelos meios virtuais de informação, não diretamente a mim, um parecer dele a respeito da minha opinião sobre um determinado Fórum. Se autodenominando consultor internacional de logística, logo, de alto gabarito, e consultor de uma entidade que, por mais justa que seja sua a sua causa, ainda realiza protestos na porta do Mc Donald pedindo a renúncia de Bush, fez sua crítica da seguinte forma: “Este "especialista" (eu) não parece saber nada, nem de eficiência administrativa, nem de justiça social e ... não vamos falar de metodos n......... !!!!! Estou acostumado a coisa mais sensato por parte da FGV!!!”. Uma crítica dessas, construtiva e de alto nível é tudo de bom, não é?

Pois bem, poderia dizer muitas coisas ao rapaz. Poderia por exemplo, dizer que me importo lhufas para a opinião dele, ou que já comecei a rezar para papai do céu me presentear com pelo menos 10% da sabedoria e competência que ele (o “consultor”) possui. Porém, apesar de ter estabelecido como método só responder críticas fundamentadas, devo esclarecer ao consultor que o fato de ser especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, não quer dizer que eu represente a Instituição, apenas me especializei lá, ok?

Acho que cumpri minha função. Dei ocupação para um punhado de gente que deve passar o dia pensando no que escrever e, como “articulista”, sei quão difícil é achar o tema. O que se há de fazer. Eu escolhi Lula meu muso, e pelo menos como inspirador ele é competente. Outros escolheram a mim...”brigada, gentchiii”.

O fim do ano está chegando e eu estou quase satisfeita. Digo “quase”, porque ainda não consegui realizar meu grande projeto. Ir pra uma praia e viver de vender coco. É verdade. Tenho esse sonho.

O que eu quero mesmo é ir pra uma praia e viver vendendo coco.

Quem sabe em 2006!

Adriana Vandoni Curvo é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas / RJ. Articulista do Jornal A Gazeta Cuiabá / MT. Blog: http://argumento.bigblogger.com.br




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