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Economia
Terça - 13 de Dezembro de 2005 às 15:28

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O pesquisador André Comeau, da Agriculture and Agri-Food Canada, veio ao Brasil trocar informações sobre a evolução do melhoramento genético do trigo. Durante dez dias, Comeau percorre lavouras e esteve reunido com pesquisadores na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS) e na Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

“A evolução no melhoramento genético do trigo no Brasil tem chamado a atenção dos demais países produtores do cereal”, afirma André Comeau, justificando que a rapidez com que a ciência consegue superar as dificuldades do ambiente adverso num país de clima tropical surpreende pesquisadores dedicados à cultura nos países do hemisfério norte. “O trigo é tradicionalmente uma cultura de climas frios, mas os pesquisadores brasileiros conseguiram estabelecer a planta em condições de altas temperaturas e estresses ambientais. A pouca exigência de adaptabilidade do trigo nos demais países resulta num processo de melhoramento mais lento”, explica o canadense.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Pedro Scheeren, a troca de informações sobre os avanços do melhoramento genético nos dois países tem como finalidade desenvolver cultivares de trigo capazes de superar limites no rendimento e resistência a doenças no campo. Conforme os pesquisadores, para a produção de um novo “ideotipo” de trigo, o Brasil poderá auxiliar como um dos locais mais indicados para seleção e para atingir resultados na pesquisa. “Seria uma 'super planta', não apenas no rendimento ou características agronômicas convencionais, como porte, espigas e massa de grãos, mas uma planta super-eficiente no uso da energia disponível no ambiente”, explica Scheeren.

“O desenvolvimento de plantas é um processo complicado, porque envolve o conhecimento de uma série de fatores, como genética, proteínas, nutrientes, até imposições do ambiente, como clima, luz e solo”, complementa o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Vanderlei Caetano. Ele ressalta a importância de conhecer a interação da planta com os macro e micronutrientes do solo como, por exemplo, a pouca capacidade do trigo em absorver o manganês, um dos principais elementos para o crescimento das raízes.

Destacando um dos motivos da “vantagem brasileira” no melhoramento do trigo, Comeau argumenta que os estresses do ambiente geram modificações na estrutura genética das plantas: “Os estresses afetam diretamente a atividade das enzimas que atuam sobre o DNA. O processo acaba gerando uma maior variabilidade genética, permitindo selecionar as plantas mais resistentes em campo”.




Fonte: 24 Horas News

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