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Terça - 13 de Dezembro de 2005 às 08:23

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O delegado Antônio Carlos de Araújo, de Barra do Bugres, acaba de informar que o empresário Cleyton Maradona Alves de Oliveira foi indiciado por supostamente mandar matar o prefeito de Porto Estrela, Flávio Faria (76). Além de homicídio qualificado, Cleyton também pode responder por formação de quadrilha. "Não tenho mais dúvidas de que ele é o mandante do crime", afirmou Araújo.

Outras sete pessoas estão presas sob suspeita de participação no assassinato. O envolvimento delas no crime ainda está sendo investigado, por isso não foram indiciadas até agora pela polícia. Entre os detidos, está o pai de Cleyton, Paulo de Oliveira, que estava preso na Delegacia Municipal de Barra do Bugres, mas foi levado para o hospital da cidade devido a problemas de saúde.

Paulo de Oliveira é o proprietário do Auto Posto Araguaia e o maior credor individual da Prefeitura de Porto Estrela. O Executivo deve ao empresário cerca de R$ 160 mil. Quando assumiu a prefeitura, Flávio Faria anunciou que somente pagaria as dívidas que estivessem empenhadas. Dessa forma, Paulo receberia apenas R$ 25 mil. O calote teria irritado o empresário e o filho dele.

De acordo com o delegado Antônio Carlos, outro motivo para Cleyton ter articulado o crime é o fato de Flávio Faria, ao tomar posse, ter rompido com o Auto Posto Araguaia e ter contratado os serviços de outro posto de combustível de Porto Estrela. "O próprio Paulo disse que, se não recebesse a dívida, a vida dele estaria acabada. Além do mais, qualquer empresário não ficaria satisfeito em perder o contrato com a prefeitura", frisou o delegado, em entrevista à reportagem do RMT Online, por telefone.

Ainda não está comprovado se Paulo Oliveira tem participação no crime. No entanto, a polícia afirma ter provas contundentes contra Cleyton, como o depoimento de um suposto envolvido no assassinato, que foi preso em Cuiabá. Trata-se de Airson Ribeiro Duarte, irmão de Ademirson Ribeiro Duarte, prefeito eleito em outubro de 2004 e cassado em dezembro do mesmo ano por abuso de poder político, abuso de autoridade e compra de votos.

Airson Duarte, mais conhecido como "Chica", afirmou ter sido contratado por Cleyton de Oliveira. Ele está preso na Gerência de Polinter em Cuiabá. O acusado pediu para ficar detido na capital por questões de segurança. A polícia concordou com a solicitação após Chica colaborar com as investigações. O delegado Araújo revelou que a função desempenhada por Airson no crime ainda é uma incógnita. "Ele é bandido. Jamais vai assumir que matou alguém", disse, ao ser questionado se o acusado figura entre os executores. Airson tem várias passagens pela polícia.

Além de Paulo, Cleyton e Airson, estão presos o suplente de vereador José Jorge de Arruda, um vereador e mais três pessoas, que não tiveram os nomes divulgados para não atrapalhar as investigações. José Jorge de Arruda é apontado como o intermediador do crime. A polícia suspeita que ele monitorou os passos do prefeito Flávio Faria no dia do assassinato.

A prisão temporária de Arruda foi prorrogada ontem por mais 30 dias. Segundo Araújo, o depoimento do suplente entra em choque com as informações prestadas pelas mais de 200 testemunhas ouvidas no caso até agora. O inquérito já tem mil páginas, divididas em cinco volumes.

Executores A polícia está fechando o cerco aos três possíveis executores do assassinato de Flávio Faria. Para o delegado Antônio Carlos Araújo, os pistoleiros ainda permanecem em território mato-grossense. Por isso, policiais de várias regiões do estado, principalmente da região de fronteira com a Bolívia, tentam cumprir os mandados de prisão temporária.

Juarez Custódio de Arruda, suposto mentor intelectual do homicídio, também está foragido. Conforme as investigações da polícia, foi ele quem começou a planejar o homicídio na Comunidade Salobra Grande, localizada a 30 quilômetros de Porto Estrela. Conclusão do Inquérito



A Polícia Civil de Barra do Bugres não tem previsão de quando o inquérito sobre a morte de Flávio Faria será concluído. Para o delegado Araújo, o "caso é muito complexo". Ele informou que está esperando o envio de informações de órgãos públicos e privados. Entre elas, estão o confronto balístico da munição encontrada na casa de Cleyton com os projéteis retirados do corpo do prefeito e um exame de balística no revólver calibre 38, também apreendido na residência do acusado.

Antônio Carlos Araújo ressaltou ainda que as investigações apontam, até o momento, para crime comum, originado pelo descontentamento dos empresários com a gestão do prefeito Flávio Faria. "Várias testemunhas disseram que é crime comum", salientou Araújo. Porém, afirmou o delegado, a hipótese de crime político não está descartada.

O caso

No dia 10 de outubro, o prefeito de Porto Estrela, Flávio Farias foi assassinado a tiros numa emboscada, quando voltava para casa. Segundo moradores de Porto Estrela toda a cidade estaria sem energia no momento do crime. A necrópsia feita no corpo do prefeito Flávio Farias confirmou que ele foi morto com três tiros. Dois disparos atingiram a cabeça e outro o pescoço da vítima.

Flávio Farias foi o segundo colocado nas eleições do ano passado, mas assumiu o cargo depois que o prefeito eleito, Ademirson Ribeiro Duarte, teve o mandato cassado. (EB)




Fonte: RMT Online

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